Suecos param o uso da cloroquina após efeitos colaterais. Só tome, se for com orientação médica

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Cãibras, perda de visão periférica e dores de cabeça foram alguns dos sintomas que afetaram pacientes em tratamento.

Hospitais na região sueca de Västra Götaland pararam de administrar o medicamento antimalárico cloroquina aos pacientes com coronavírus após relatos de efeitos colaterais adversos. Cãibras e perda de visão periférica são os principais sintomas.

"Houve relatos de suspeitos de efeitos colaterais mais sérios do que pensávamos", disse Magnus Gisslén, professor e médico chefe da clínica de infecção do Hospital Universitário Sahlgrenska, segundo maior na Suécia. "Não podemos descartar efeitos colaterais sérios, especialmente no coração, e é um medicamento de dosagem pesada. Além disso, não temos fortes evidências de que a cloroquina tenha efeito sobre a Covid-19", completou.

"Houve relatos de suspeitos de efeitos colaterais mais sérios do que pensávamos", disse Magnus Gisslén, professor e médico chefe da clínica de infecção do Hospital Universitário Sahlgrenska, na Suécia. "Não podemos descartar efeitos colaterais sérios, especialmente no coração, e é um medicamento de dosagem pesada. Além disso, não temos fortes evidências de que a cloroquina tenha efeito sobre a Covid-19", completou.

Na contramão do país escandinavo, o presidente estadunidense Donald Trump elogiou o uso da hidroxicloroquina, uma variação da cloroquina também antimalárica, alegando resultados promissores. A Food and Drug Administration (FDA), agência federal dos Estados Unidos que protege a saúde pública do país, aprovou o uso do medicamento em casos confirmados de coronavírus.

Na França, descobriu-se que tanto a cloroquina quanto a hidroxicloroquina são, de fato, capazes de reduzir a carga viral de pacientes com a Covid-19. Contudo, um artigo científico mostrou que não há evidências suficientes para que ambos os medicamentos sejam liberados para o combate ao coronavírus.

O imunologista estadunidense Anthony Fauci declarou que "os dados são realmente apenas sugestivos". "Houve casos que mostram que pode haver um efeito e há outros que mostram que não há efeito. Então, em termos de ciência, acho que não poderíamos dizer definitivamente que funciona", acrescentou.

Ainda é muito cedo para saber se tais medicamentos antimaláricos são suficientemente eficazes para tratar a Covid-19. Opiniões divergem em todo o mundo, enquanto testes clínicos tentam encontrar a solução para travar a pandemia.

Via: Newsweek

Durante transmissão ao vivo pela internet, na quinta-feira (26/03), o presidente da República, Jair Bolsonaro, defendeu o uso da hidroxicloroquina e cloroquina no combate ao novo coronavírus (Covid-19). No pronunciamento, mesmo contrariando o que diz a bula do próprio medicamento, o governante afirmou que o fármaco não tem efeitos colaterais.

“Aplica logo, pô”, disse Bolsonaro. “Sabe quando esse remédio começou a ser produzido no Brasil? Ele começou a ser usado no Brasil quando eu nasci, em 1955. Medicado corretamente, não tem efeito colateral”, disse o presidente.

Vale ressaltar que, apesar da declaração do Bolsonaro, a bula do medicamento explica que o uso da substância apresenta efeitos colaterais comuns em muitos pacientes, como, por exemplo: cefaleia, irritação do trato gastrointestinal, distúrbios visuais e urticária, entre outras reações adversas. As orientações ainda explicam que doses diárias altas podem resultar em retinopatia e ototoxicidade irreversíveis.

Muitos especialistas também alertam para o uso inadequado do produto. Por meio de um vídeo publicado nas redes sociais, o vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Marcelo Polacow, falou sobre a hidroxicloroquina e alertou sobre os riscos da automedicação: "São necessários mais testes para que seja feita a indicação clínica. O FDA acabou de liberar esses testes nos pacientes com o novo coronavírus, porém, esse medicamento é um produto tarjado como todos os outros tarjados. Necessita de receita médica e não pode ser vendido sem prescrição".

O farmacêutico ainda completou: "Esse medicamento precisa ser prescrito na dosagem correta, no tempo correto, além disso, esse produto pode ser extremamente perigoso [se utilizado da forma incorreta], não pode ser usado por gestante, pode causar comprometimento cardíaco e distúrbio ocular, podendo levar até a cegueira. Infelizmente, eu recebi informações que muitos pacientes estão comprando e vão fazer uso como automedicação”.

Polacow ainda fez uma recomendação: "Eu ressalto aos meus colegas farmacêuticos que não vendam esse produto sem receita médica, e peço que orientem o paciente sobre a forma correta de usar, quando houver prescrição médica, e realmente tiver indicação para isso [tratamento do novo coronvírus]".

Órgãos responsáveis pelo controle de medicamentos em território nacional também já se manifestaram em relação ao uso da hidroxicloroquina. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma nota técnica sobre o assunto, ressaltando os riscos da automedicação:

 “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos [hidroxicloroquina e cloroquina] para o tratamento da Covid-19. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação. Ressaltamos que a automedicação pode representar um grave risco à sua saúde”.


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