Silvia Bessa: repórteres em tempos de coronavírus

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Me chamo Silvia Bessa, sou recifense e jornalista há 22 anos. Acordei hoje pensando como o coronavírus tem transformado minha profissão e meu meio.

Em menos de um mês, a Imprensa - e o jornalismo, por consequência - voltou a ser vista como serviço essencial e de utilidade pública. Nos últimos anos, havia debate comum sobre a necessidade do diploma e sobre o papel das redes sociais como fonte primária de informação. 

Enquanto hoje apuramos nas ruas ou entrevistamos em home office, ouvimos confissões, incertezas e relatos da resiliência de amigos e desconhecidos, enquanto reportamos, estamos escutando teorias sobre a relevância da informação chegar ao cidadão. Nos últimos dias, ouvi ainda cinco especialistas da área médica comparando a Imprensa ao SUS brasileiro, tão criticado e fundamental neste momento de crise. A comparação de cada um me impactou - em separada e como conjunto. Em grupos de WhatsApp, começo a ouvir a repetição de perguntas diante da multiplicação de links: “Esta fonte é confiável?” ou “Que veículo está dando esta notícia?”. 

O efeito do Covid-19 sobre a Imprensa vamos analisar melhor com o tempo, assim como nossos acertos e erros na esteira da própria pandemia. Mas já não somos os mesmos nem somos vistos como antes. Como mulher e brasileira, também alterei minha rotina, ando com testa franzida por vezes, tenho temores e penso na saúde (e inocência) de minhas filhas gêmeas de sete anos, no meu marido - jornalista em redação, como eu. 

Como profissional, sigo no batente determinada e orgulhosa pelos meus pares, colegas do Diario de Pernambuco e de outros veículos, porque não vi um repórter, fotógrafo, editor ou diagramador se furtando das suas responsabilidades. Vejo coragem e disposição para o trabalho. E a altivez de sempre. Estamos juntos. O jornalismo vive!

Recife, abril de 2020

 

Silvia Bessa

Silvia Bessa  jornalista (Página Facebook)


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