Sempre reservo um tempo para filtrar as centenas de mensagens diárias de toda ordem que transitam pelo meu celular, obviamente, pelo WhatsApp, que atualmente é a coqueluche das redes sociais.
Sem dúvida alguma essa é uma tarefa diária que afeta a todos os leitores. Além do natural prazer da aproximação e diálogo com os amigos, esse canal intensifica as relações familiares em verdadeiras videoconferências, para não dizer, também, quantas negociações comerciais são realizadas após múltiplas mensagens...
No processo de limpeza em que muitas postagens inúteis são rapidamente deletadas, sempre escapa alguma coisa criativa ou inspiradora que desperta a nossa atenção. Assim foi que, em meio à avalanche de mensagens sobre a atual tragédia do Coronavírus que, dolorosamente, ceifa vidas em todo o mundo, transitou e captei essa preciosidade de pensamento deixado pelo Príncipe do Nepal, Sidarta Gautama, o Buda (ano 563 a. C.), líder do Budismo mundial: “Nada vai embora antes de nos ensinar o que temos de aprender”.
Como as nossas emoções estão profundamente alteradas e a sensibilidade à flor da pele face ao “isolamento social” - termo rapidamente consagrado -, condicionamento necessário que nos atingiu e às pessoas em todo o mundo, como forma de conter a expansão violenta do vírus, o pensamento do Buda nos transporta a uma profunda reflexão e à inevitável pergunta: O QUE TEMOS DE APRENDER, PARA QUE ESSE VÍRUS VÁ EMBORA?
Naturalmente que são muitas as indagações e questionamentos, objetivando encontrar uma definição sobre as origens desses eventos epidemiológicos sobre a Terra. A compreensão de uns busca fundamentos nos estudos geofísicos, enquanto outros têm o entendimento de “causas extrafísicas” e outras mais, como, também, aproveitam para classificar de “sinal dos tempos”... Nessas horas de grande inquietação, são muitas as versões nem sempre científicas, mas, até de natureza política, a exemplo do que estão debitando à China, atribuindo-lhe exclusiva responsabilidade no caso do COVID-19, argumento cheio de maldade e que me recuso a concordar, até prova em contrário.
Nesse episódio catastrófico do COVID-19, em países como o Reino Unido, EUA e México, registrou-se um contraponto na conduta dos seus governantes, que menosprezaram a adoção de medidas radicais praticadas em outros países já atingidos pela Pandemia. Hoje, não só assumiram os seus erros como acompanharam as práticas vigentes. Ainda mais grave, é que o irredutível Primeiro-Ministro Boris Johnson, da Grã-Bretanha, e seu Secretário de Saúde, foram acometidos pelo vírus. Até mesmo o Presidente Putin, da Rússia, está administrando o País da sua residência!
No Brasil, felizmente e tempestivamente, houve um conjunto de medidas positivas adotadas pelo Governo Federal, Governadores dos Estados e Prefeitos Municipais, com a suspensão de atividades econômicas, aulas escolares, reuniões de todo tipo, inclusive interdição de praias públicas, com o fim de impedir a concentração de pessoas e a consequente expansão do vírus. Mas, contrariando todas as acertadas providências oficiais, vem causando impacto negativo a teimosia do Presidente Bolsonaro em se contrapor a todas as orientações restritivas do próprio Ministério da Saúde. Ora, se infectologistas do Mundo inteiro defendem a eficácia do isolamento contra o vírus, parece um gesto extremamente primário e desafiante do Chefe de Estado visitar Feiras Livres e Mercados, para estar junto a aglomerações de pessoas (vide ilustrações)!
Não fosse pelo respeito à imponência do cargo, poderia ser classificado como um ato de irresponsabilidade, pelo fato de exibir uma postura totalmente inversa ao comportamento dos Chefes de Estado pelo resto do mundo, diante da catástrofe que atinge milhões de pessoas.
Quando circula sorridente a cumprimentar as pessoas, passa o entendimento de que não há vírus no Brasil e que tudo não passa de sensacionalismo da mídia, e uma prova de desprezo a tantas vidas perdidas. Na verdade, tristemente vejo fortes evidências de um populismo inconsequente e que precisa encarar a realidade nacional. Quem sabe esse refrão não pega: PRESIDENTE... FICA EM CASA!!!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA