Por que é necessário pensar a educação antecipadamente? Ora, por todo o país a maioria das escolas são pequenos prédios fechados, com pouca estrutura, sobrevivendo com poucos recursos, com professores exaustos em virtude da pandemia, e desmotivados em razão dos problemas de aprendizagem, violência e indisciplina.
Essas escolas vão receber seus estudantes que vem de casas caiadas, pequenas, lotadas, com e sem TV, e também sem ter o que comer. Sem conforto, internet ou Netflix. Mas o que aí é supérfluo?
Como as escolas poderão projetar-se como fundamentais numa sociedade onde se descredencia o conhecimento cientifico e se supervaloriza o capital? Mas não só isso. Essa mesma sociedade emite um discurso rasteiro onde a morte de muitos é justificável. Qual o antidoto a isso?
Uma saída é certamente o cultivo de uma cultura de cuidado e solidariedade, gestada nos mais variados espaços e como projeto dentro das escolas. Mas como produzir escolas solidárias para além da lógica competitiva que ainda orienta os sistemas de ensino, para além da evasão, e dos mecanismos de negação e exclusão?
Não podemos prescindir dessa tentativa, visto que somos uma humanidade conectada e além dos problemas que já enfrentávamos, somos agora herdeiros também das dores da China, da Itália, da Espanha e do Irã. Eventos que parecem atestar que o nosso modelo de desenvolvimento e organização social não se sustenta.
Uma outra questão deve entrar no rol de discussão nas escolas: o espaço, o papel e os impactos das novas tecnologias e do mundo digital na vida das pessoas. É difícil qualquer previsão nessa direção. Mas será necessário compreender os impactos do mundo digital na vida das pessoas e como a escola vai se alinhar com esse universo.
Resta, por fim, relacionar como a escola pode ser um espaço de humanização, através do conhecimento crítico e reflexivo. O conhecimento gerado na escola, pelos conteúdos das disciplinas e ou pela socialização, pode ser importante alicerce para nos tornarmos seres humanos melhores e mais habilitados a entender o mundo e as coisas que nele se passam.
“Desnecessário dizer, às claras, que o desafio que temos pela frente é enorme. Difícil contestar, do ponto de vista lógico, que precisamos agir com brevidade, uma vez que somos constantemente convocados ao entendimento de que as coisas seguem, e a nossa história, para o bem maior da humanidade e de necessários tempos de paz, não tem fim. Sigamos cooperando. Temos o dever de continuar nossa evolução moral”. (Marcus Eduardo de Oliveira)