Diversão com compras online pode ser sintoma de transtorno mental

mulher com compulsao por compras
Se presentear
com algo gostoso, um drinque ou uma lembrancinha são recursos comuns para espantar o estresse, fugir do tédio e lidar com a ansiedade e o medo e, em tempos de quarentena, mais pessoas têm recorrido a essa estratégia. Porém, a neuropsicóloga Cláudia Cavalcante alerta: O hábito, além de prejudicial para a saúde, pode causar graves problemas financeiros.

A profissional explica que essa é uma maneira perigosa de lidar com esse estresse. “Estar socialmente afastado das atividades comuns é uma porta aberta para estados de ansiedade e depressão então, muitas pessoas, querendo compensar o sentimento de vazio ou a angustia, recorrem a essas formas de gratificação. É um presentinho para se alegrar. Como os produtos comprados online não chegam na mesma hora, é mais fácil a pessoa ignorar a situação de exagero”, diz Cláudia.

Tal comportamento é mais comum do que parece e o culpado são os nossos hormônios. “Não gostamos de emoções angustiantes ou desconfortáveis, isso nos impulsiona a fazer coisas que nos alegrem. Como a sensação de possuir algo desejado nos alenta, associamos comprar à bem-estar e isso explica a tendência ao consumo exagerado. Porém, como forma de manter essa sensação sempre presente, a pessoa pode comprar coisas desnecessárias e se endividar”, alerta Cláudia.

Mas os benefícios da “terapia de compras” duram pouco e a longo prazo geram efeitos colaterais. Quem sofre desse transtorno sente euforia e contentamento após as compras mas estes sentimentos logo dão lugar à tristeza, ao medo e a sensação de ter tido uma precipitação. A psicóloga explica: “O arrependimento geralmente faz parte deste momento de lucidez, trazendo uma sensação enorme de culpa e de descontrole pessoal. A tendência é que a pessoa busque modos de se punir e muitas vezes isso acontece através da compulsão alimentar. A pessoa descarrega na comida ou na bebida e termina sendo um ciclo sem fim”. 

Ao perceber que o impulso está maior do que deveria ou já causou danos a recomendação é buscar por ajuda especializada. Cláudia explica que psicoterapia cognitiva comportamental é uma das formas de tratamento. “Nas sessões, que inclusive podem ser feitas online, o paciente vai aprender técnicas e realizar exercícios para aprender a identificar esses sentimentos e para desconstruir os comportamentos nocivos e sabotadores das suas metas e objetivos”.

Por fim, a profissional recomenda que nesse período de isolamento social é essencial criar uma rotina produtiva, incluindo momentos de cuidados pessoais e reflexão sobre os próprios comportamentos. “O momento pede um cuidado extra à nossa saúde mental e também à financeira. Precisamos exercitar o autocuidado em todos os sentidos e isso inclui um olhar mais atento ao que possuímos e como nos sentimos em relação a isso. Quando reaproveitamos algo, estamos praticando esse olhar atento e criativo. Se a pessoa sente alguma dificuldade nesse processo, buscar ajuda profissional é o melhor caminho”.


Shade Andréa C./Planner, Relações Públicas e Jornalista.


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