Começa a valer na próxima segunda-feira (1º) o plano de retomada da atividade econômica no estado de São Paulo. A proposta do governo paulista prevê a flexibilização gradual para o funcionamento do comércio nos municípios, de acordo com dois critérios: a evolução da epidemia e a capacidade do Sistema de Saúde.
O governador do estado, João Dória, classificou a reabertura como uma “retomada consciente”.
Batizada de Plano São Paulo, a reabertura terá cinco fases, representadas por cores. A fase 1 é de “Alerta Máximo” e só permite o funcionamento dos serviços e atividades essenciais. Há ainda as fases 2, 3, 4 e 5. A quinta é chamada de “Normal Controlado”, em que há reabertura total para cinemas, teatros, shows e eventos esportivos, por exemplo.
Com base na taxa de ocupação de leitos de UTI, disponibilidade de leitos por 100 mil habitantes, além do número de casos, internações e óbitos, o governo estadual classificou os 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) por cores.
O médico infectologista Eder Gatti critica a reabertura da atividade econômica por regiões. Segundo ele, dentro de uma mesma região, há municípios muito diferentes entre si. “O governo estratificou regionalmente. Não dá para tratar dentro das macrorregiões os municípios de forma igual. Seria interessante pulverizar as medidas considerando os municípios e não as regiões”, indica.
Gatti também vê com pessimismo o relaxamento das regras para o interior do estado. Segundo o infectologista, o coronavírus ainda está avançando sobre esses municípios. “O interior agora foi reclassificado, ou seja, deu um passo para trás, mas não deu um passo para trás porque melhorou, pelo contrário, a doença só avança no interior. A hora em que os casos aumentarem e o sistema de saúde saturar, vai precisar fechar de novo”, prevê.
Quem poderá retomar
Na segunda-feira, a cidade de São Paulo e 14 regiões poderão reabrir parte das atividades, observando a fase em que estão situadas. Quem está na fase 2, como a capital e os municípios de outras 10 regiões (veja quais no Infográfico abaixo) vão poder reabrir shoppings centers, comércio de rua, escritórios, imobiliárias e concessionárias. Em melhores condições, os municípios das regiões de Araraquara, Bauru, Presidente Prudente e Barretos podem voltar, também, com bares, restaurantes e salões de beleza.
Francisco de La Tôrre, vice-presidente da Fecomércio-SP, considerou positiva a reabertura do comércio, mas acredita que falta articulação entre o governo federal e o estadual para um plano de retomada “com mais consistência”. Ele também pede mais apoio financeiro ao setor. “Principalmente do governo de São Paulo, que só disponibilizou R$ 650 milhões [em linhas de crédito]. Isso não é o faturamento nem de um dia do comércio de São Paulo, que fatura mais de R$ 1 bi por dia”.
A Grande São Paulo, a Baixada Santista e a região de Registro não vão poder flexibilizar a permissão para o comércio, pois estão na fase vermelha. Ao todo, 62 municípios fazem parte das três regiões. Entre eles, estão Guarulhos, Osasco e Santo André na região metropolitana, além de Santos, no litoral. Essas cidades permanecem em quarentena até 15 de junho. Se apresentarem melhoras nos indicadores da epidemia, poderão passar para a fase seguinte (laranja).
De acordo com o governo de São Paulo, uma região poderá pular para um relaxamento maior após 14 dias. Para isso, os indicadores de saúde devem ficar estáveis. O contrário também é possível. Ou seja, o governo pode passar uma região da fase 2 para a fase 1, caso os indicadores revelem piora. Vale lembrar que a palavra final sobre a abertura dos estabelecimentos caberá ao prefeito de cada município.
La Tôrre acredita que é para se observar o comportamento do consumidor nos próximos dias, já que há casos de municípios vizinhos em diferentes fases de reabertura.
“Não foi a decisão ideal, mas foi a possível, porque nesse momento o que norteia o planejamento do governo foi a ciência. Essa divisão por regiões nos traz uma certa apreensão, porque não sabemos como o consumidor vai se comportar. A nossa dúvida é: será que vai haver um fluxo de clientes da região do ABC, Guarulhos, Osasco pra capital, porque aqui, haverá mais opções de consumo?”
Dois meses de quarentena
O governo de São Paulo começou a tomar as primeiras medidas de distanciamento social no dia 13 de março. Nove dias depois, começou a quarentena, que no último domingo (24) completou dois meses. De acordo com o último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado, foram confirmados 89.483 casos de Covid-19. O número de óbitos é de 6.712.
Apesar disso, o estado reduziu de 68% para 22% a sua participação no número de casos no Brasil, segundo dados da secretaria.
Agência do Rádio