Motocicletas lideram os acidentes fatais; homens continuam encabeçando o maior número de vítimas e, após três anos, estudo aponta mudança na faixa etária desse público.
De janeiro a março de 2020, antes das medidas de isolamento serem implementadas no país, o Brasil registrou 89.028 acidentes de trânsito; 9.298 eventos com morte, 59.726 com invalidez permanente, e 20.004 que resultaram em despesas médicas, segundo dados do Relatório Estatístico da Seguradora Líder-Dpvat. Foram 14,3 mil registros a mais que no mesmo período de 2019 (74.699).
Sinistros envolvendo motocicletas permanecem liderando esse triste ranking e somam 79% das indenizações do período, apesar de representar apenas 29% da frota nacional. As regiões Nordeste (33%) e Sudeste (30%) lideraram o número de indenizações nesse segmento.
As vítimas de acidentes com motocicletas são, em sua maioria, pessoas em idade economicamente ativa. No trimestre citado, as vítimas entre 25 e 44 anos concentraram 50% dos acidentes fatais e 51% dos acidentes com sequelas permanentes.
Região Sul teve mais acidentes com morte envolvendo automóveis
A Região Sul, que detém 20% da frota nacional de automóveis, concentrou 14% das indenizações por morte no período analisado, sendo que 48% dos acidentes fatais envolvem automóveis. Em segundo lugar, a Região Sudeste registrou 42% dos acidentes fatais nesta modalidade. Em seguida, a região Centro-Oeste notificou 36% das mortes no país envolvendo automóveis. O Nordeste registrou 24% e a região Norte apresentou a menor porcentagem de casos, com 23%.
Homens lideram o ranking com mudanças na faixa etária
Os homens continuam liderando o ranking das vítimas de trânsito, com a faixa etária de 25 a 44 anos representando 48% do total das indenizações pagas, demonstrando uma mudança significativa do perfil etário dos últimos três anos, em que a faixa de idade mais atingida era de 18 a 34 anos.
Pedestres na segunda posição entre os mais impactados
Os pedestres seguem sendo muito impactados nos acidentes de trânsito. No primeiro trimestre ficaram em 2º lugar nas indenizações fatais (29%) e também com invalidez permanente (33%), totalizando 25.364 indenizações pagas.
As principais causas de acidentes de trânsito são decorrentes de e erro humano basicamente remetem à imperícia e imprudência. De acordo com o diretor e especialista em trânsito da Perkons, Luiz Gustavo Campos, a falta de atenção do motorista, dirigir em alta velocidade, alcoolizado ou usando o celular, encabeçam a lista dos problemas. “A velocidade pode ser um fator determinante para causar um acidente e até afetar outras pessoas que não estejam no carro, como os pedestres. Além disso, a velocidade do automóvel no momento da batida é decisória na sobrevida do pedestre atingido”, comenta.
O que agrava ainda mais o cenário é que quando se trata de trânsito, geralmente uma imprudência vem junto com outra. Por exemplo, quem dirige alcoolizado, provavelmente estará dirigindo em alta velocidade. Quem está teclando ou falando ao celular, não estará prestando a atenção devida ao redor. “Apesar de todos os esforços para que os condutores tenham responsabilidade no trânsito, pedestres também precisam seguir as leis. Quem se locomove a pé deve cuidar da sua segurança e ter muita atenção, pois não possui os acessórios e equipamentos de proteção de quem está motorizado. Os sentidos precisam estar sempre aguçados, em especial a visão e a audição, para minimizar os riscos. Ver e ser visto no trânsito é uma premissa para manter-se seguro”, detalha Campos.
Por aqui, algumas iniciativas começam a ser implementadas visando promover mais segurança ao pedestre, como é o caso da cidade de Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, que no final de fevereiro de 2020 implantou um modelo experimental de faixa de pedestre 3D. Segundo o secretário de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana, Clemente Corrêa, a intenção é garantir maior segurança e minimizar o volume de acidentes envolvendo pedestres.
Pandemia altera a inclinação de crescimento no número de acidentes Depois de um crescimento significativo, as regras de isolamento social pelo país podem alterar a curva de crescimento no número de casos. Um exemplo importante vem do Estado com a maior frota do país, São Paulo.
Os dados do Infosiga SP, sistema de dados gerenciado pelo Governo de São Paulo, mostram redução expressiva nos acidentes de trânsito após o início da quarentena. Entre os dias 24 e 31 de março, a queda nas fatalidades foi de 31,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram registradas 68 mortes este ano contra 99 em 2019. Os índices recuaram principalmente nas rodovias e entre ocupantes de automóveis.
Motociclistas lideraram as estatísticas com 31 óbitos no período, mas houve redução de 22,5% na comparação com 2019. Entre os pedestres, a redução foi de 12,5%, enquanto as ocorrências envolvendo ocupantes de automóveis caiu 44%. Foi registrado um caso a menos envolvendo ciclistas (7 contra 8 no ano passado. Também houve menos acidentes no período noturno (-42,4%) e no final de semana (-62,5%).
Lide Multimídia/Foto: Divulgação