São Paulo e Rio de Janeiro perderam participação na produção nacional, enquanto Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco e Mato Grosso do Sul aumentaram sua importância.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que, em uma década, ocorreu uma importante desconcentração da indústria brasileira, com redução da participação da região Sudeste no PIB industrial e um aumento na participação das demais regiões geográficas, como Sul, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Nesse movimento, Pernambuco foi o segundo estado que mais ganhou importância na produção industrial pelo desempenho da indústria da transformação.
Dados da pesquisa revelam que a sua participação aumentou em 1,3 ponto percentual, por ter conquistado uma parcela maior da produção brasileira de Veículos automotores, Outros equipamentos de transporte, Derivados do petróleo e biocombustíveis e Produtos de metal. A pesquisa compara os biênios 2007-2008 e 2017-2018.
De acordo com o gerente de Relações Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (FIEPE), Maurício Laranjeira, essa migração se deu, sobretudo, pela melhora do ambiente de negócios. “Vale destacar que existe uma contribuição importante dos setores público e privado. A nossa infraestrutura é boa, em termos de Nordeste, o que nos coloca como um hub para a Região, e existe também uma aposta das empresas em qualificar o seu capital humano e potencializar os seus negócios”, afirmou.
Na visão de Laranjeira, essa dinâmica de migração se justifica por um conjunto de fatores, entre eles pelo fato de a nossa mão-de-obra ser mais competitiva. “Apostamos em aperfeiçoamento profissional e, no longo prazo, percebemos o retorno na ponta da atividade. Além disso, existe o amadurecimento da economia brasileira e, portanto, se faz necessário investir numa Política Nacional da Indústria que favoreça a economia e à distribuição de riqueza”, frisou. Esse movimento foi capaz também de beneficiar a cadeia de suprimento local, que se tornou ainda mais profissional e pronta para atender a diversos mercados.
No geral, conforme a pesquisa, o Pará foi o estado que mais ganhou espaço na produção industrial nacional total, em razão do crescimento de sua indústria extrativa, principalmente da extrativa mineral. Aumentou 1,5 ponto percentual. Junto com o Pará, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Mato Grosso do Sul, formam o grupo dos cinco estados de melhor desempenho. Além deles, a Bahia se destaca por ter sido o estado que mais ganhou importância na produção da indústria de transformação no período. Sua participação também aumentou em 1,5 ponto. Mesmo com o movimento de descentralização da indústria total – Extrativa, Transformação, Construção e serviços Industriais de Utilidade Pública – cerca de 80% da indústria brasileira estão concentradas no Sul e Sudeste do Brasil.
Na análise do economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, São Paulo continua sendo o principal parque industrial do País, mas a indústria brasileira tem migrado do Sudeste, que perdeu 7,5 pontos percentuais na indústria de transformação, principalmente para as regiões Sul e Nordeste, que aumentaram 3,2 pontos e 2,9 pontos respectivamente. São Paulo responde por 38,15% do valor adicionado da Indústria de transformação, o segundo colocado, Minas Gerais, tem 10,09%.
Segundo o presidente da CNI Robson Braga de Andrade, “o que o Brasil precisa é fortalecer o setor industrial, para que ele seja cada vez mais dinâmico e competitivo, ajudando a superar a mais grave crise sanitária, econômica e social que já vivenciamos. Não existe país forte sem indústria forte”, disse.