Os ex-presidentes brasileiros, Lula e Fernando Henrique Cardoso assinaram conjuntamente uma nota em apoio ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, que resiste a reduções tarifárias unilaterais no âmbito do Mercosul. A informação é da colunista da Folha, Mônica Bergamo. Recentemente os dois abriram uma perspectiva de diálogo, interrompido por décadas em função das disputas eleitorais em lados opostos.
"Concordarmos com a posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco. Concordamos também que é necessário manter a integridade do bloco, para que todos os seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo na economia mundial contemporânea", afirma a nota.
Em maio, Lula e FHC se reuniram na casa do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, e posaram de mãos dadas para uma fotografia histórica.
De acordo com a colunista, na questão do Mercosul, os dois apoiam Fernández contra a posição do ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem defendido uma redução de tarifas no âmbito do bloco.
Os argentinos defendem percentuais menores de reajuste e querem que ela incida principalmente em bens intermediários —produtos finais teriam as tarifas na sua maioria preservada.
O governo Jair Bolsonaro considera a proposição argentina pouco ambiciosa e mais uma mostra da linha protecionista do presidente Alberto Fernández.
Buenos Aires, por sua vez, acha que o corte defendido por Guedes é profundo e amplo demais, constituindo um risco para a indústria do país.