É fácil notar a falta d’água no reservatório de Três Marias, em Minas Gerais. Toda a faixa de terra ao longo do reservatório poderia estar alagada se as chuvas tivessem chegado na época e na quantidade esperadas.
O lago da usina é margeado por oito municípios, sendo que em sete deles a criação de peixes representa uma importante atividade econômica.
“Só aqui em Morada Nova mais de 600 pessoas que são afetadas trabalham na cadeia produtiva da piscicultura. Isso representa quase 10% da população do município”, explica o agrônomo Vicente Gontijo, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG).
O baixo nível do reservatório expõe o paredão que capta a água na Usina de Três Marias. Dos 60 metros de altura, a marca hoje não passa dos 17 metros, revelando a segunda maior crise da história. Só no ano do apagão, em 2001, a situação ficou pior.
O reflexo dessa situação já chegou na outra ponta da cadeia: a venda. “O preço do peixe está onerando e a gente não tem como concorrer com os outros estados que não têm problema”, diz José Jacobina, chefe da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
O nível baixo do reservatório tem relação também com a água que a usina de Três Marias continua liberando: 250 metros cúbicos por segundo, mesmo que a bacia do São Francisco só esteja conseguindo repor 90 metros cúbicos por segundo.
G1 MG