Quando a tragédia da Pandemia já ceifou mais de 18 mil vidas de brasileiros, ao invés de registrarmos apenas ações de solidariedade, altruísmo e superação, para poupar vidas, vemos que a tentativa do Governo da Bahia de contratar, emergencialmente, mais 400 médicos, inclusive Médicos de Cuba, é , inexplicavelmente, barrada por uma ação judicial movida pelo Conselho Federal de Medicina, que alcançou uma liminar favorável da Justiça Federal. Com isso, o povo baiano se verá privado da necessária ampliação do número de médicos a seu dispor, por terem nascido em Cuba. Com menos médicos, configura-se uma tragédia dentro da tragédia da Pandemia. E como consequência de iniciativa de uma entidade médica, cuja missão, deveria ser sempre, atuar em favor de políticas que concorram param o salvamento de vidas, não ao contrário.
A ação movida pelo Conselho é um obstáculo a mais colocado contra o esforço do governo da Bahia, que, adicionalmente, também tem que enfrentar os cortes de gastos em saúde e a falta de solidariedade do governo federal no enfrentamento ao Coronavírus, face ao estado de demência republicana instalada no Palácio da Alvorada. Se os médicos brasileiros não se interessam em atender a convocação por edital do governo baiano, oferecendo salários de excelente nível, por que razão o Conselho de Medicina busca impedir o governo estadual de buscar , como alternativa, a contração de médicos de Cuba, a exemplo do que fazem dezenas de países, com o que se salvam muitas vidas, dada a reconhecida excelência profissional dos galenos cubanos?
Estaria querendo impedir que o povo brasileiro, a exemplo do que ocorreu quando do Programa Mais Médicos, no Governo Dilma Roussef, reconheça a qualidade da medicina cubana, conforme pesquisa feita pela Fiocruz, com 93% de aprovação, pelos usuários, do trabalho destes profissionais¿ Será que o Conselho teme que que a presença de médicos cubanos no Brasil possa, novamente, demonstrar que o trabalho preventivo e humanizado destes médicos, apontando para uma outra concepção e prática da medicina, resulta em preservar vidas e evitar mortes evitáveis, pela simples presença médica em municípios que só conhecem médicos pelas telenovelas?
O governo da Bahia está recorrendo contra esta liminar na Justiça Federal e não pretende desistir facilmente de sua obrigação de tudo fazer para salvar vidas ameaçadas pelo Covid19, e, também, pelos que querem o Estado de Castro Alves com menos médicos, e seu povo, com mais sofrimento e mais dor. A notícia surge exatamente no momento em que no Estado de Minnessota , nos EUA, senadores se unem à comunidade local para pressionar o Presidente Donald Trump a suspender restrições que impedem ao povo norte-americano receber a ajuda dos Médicos de Cuba, argumentando não haver razão superior à defesa da vida. Mais preciosa que relações diplomáticas, hoje inexistentes, é o valor da vida dos norte-americanos. Além disso, enquanto países ricos como a Itália, membro do G7 e da Otan, recorreram aos médicos cubanos para, juntamente com especialistas russos e chineses, controlarem os catastróficos efeitos da Pandemia na pátria de Michelangelo, ceifando milhares de vidas, o que felizmente, foi alcançado, com o país retornando, gradualmente, à normalidade.
Insensível a todos esses impactantes exemplos de humanismo, altruísmo e nobreza no exercício da missão médica, o Conselho Federal de Medicina exibe pensamento menor, e, com uma desumana ação judicial, dificulta o esforço do governo da Bahia e, inexplicável, expõe o povo baiano a riscos injustificáveis, indefensáveis. Espera-se que a Justiça atue em sintonia com o valor da vida em primeiro lugar. E que as instituições e representações democráticas da Bahia atuem com coragem, não permitindo que a história baiana seja marcada por mancha tão macabra e incivilizada.
Beto Almeida/www.noticiasdabahia.com/Foto: Divulgação