O diretor do Instituto Finlay, responsável pelo desenvolvimento da vacina cubana Soberana 02 contra a COVID-19, afirmou ontem (20) que produzirá 100 milhões de doses do imunizante este ano para atender à demanda de Cuba e de outros países.
O Instituto Finaly trabalha atualmente no desenvolvimento de dois imunizantes, Soberana 02 e Soberana 01, este último em fase de pesquisa menos avançada. Além disso, outros centros de biotecnologia da ilha caribenha estão trabalhando em mais duas candidatas à vacina contra a COVID-19, chamadas de Abdalá e Mambisa.
“Estamos reorganizando nossas capacidades produtivas porque realmente temos muita demanda pela vacina e temos que nos preparar”, disse o diretor do Instituto Finlay, Vicente Vérez, a um grupo de jornalistas durante uma conferência em que foi oferecido um tour pelo laboratório onde é fabricado o fármaco contra a COVID-19, segundo a Associated Press.
As 100 milhões de doses planejadas pelo Instituto Finlay seriam apenas da Soberana 02, e já há países interessados em adquiri-la, como Vietnã, Irã e Venezuela, entre outros com os quais Cuba tem acordos de colaboração, incluindo Paquistão e Índia, segundo Vérez.
Na segunda-feira (18), começou a segunda parte dos testes de fase II do medicamento com 900 pacientes em uma policlínica em Havana. Após serem inoculados, os voluntários disseram que não tiveram nenhum desconforto e foram monitorados na clínica antes de voltarem para casa, onde depois o acompanhamento continuou por 24, 48 e 72 horas, segundo a Associated Press.
Vérez ressaltou que o antígeno é seguro pois não contém o vírus vivo, apenas partes dele, o que gera imunidade, mas não causa reações maiores. Além disso, o fármaco não precisa de refrigeração extra, como outras vacinas desenvolvidas no mundo.
Neste momento, os pesquisadores do Instituto Finlay estão trabalhando com países como Itália e Canadá para verificar o impacto dessas vacinas – especialmente a Soberana 01 – em pessoas que já tiveram a doença e estão em processo de recuperação, mas ainda correm risco de reinfecção.
Vérez também destacou que a eficácia da vacina está sendo avaliada frente ao impacto de novas mutações e que, nas próximas semanas, a vacinação será estendida para 150 mil pessoas na ilha.
Depois de vários meses com a pandemia sob controle, Cuba sofreu um surto no início deste ano, depois da abertura de seus aeroportos, mesmo com a aplicação de um protocolo de saúde preventiva. De março de 2020 até agora, a ilha soma 19.122 infecções e 180 mortes por COVID-19.
Até o momento, Vérez não deu detalhes sobre qual será o preço de comercialização da vacina para outros países, mas assinalou que, em Cuba, o imunizante será distribuído de forma gratuita e voluntária.
“Não somos uma empresa multinacional na qual o retorno [financeiro] é a razão número um […] Trabalhamos diferente, nossa prioridade é a saúde, e o retorno financeiro é uma consequência”, afirmou o diretor do Instituto Finlay.
Apesar de ser um país pequeno, Cuba possui um centro científico desenvolvido que produz quase todas as vacinas de que necessita, além de medicamentos de última geração.
Fonte: Sputnik Brasil