Sem Bruno Reis, debate fica praticamente inócuo e não deve impactar nas urnas

 

Fujão. Esse será o apelido mais delicado dado por adversários de Bruno Reis após o candidato do DEM desistir de participar do último debate na corrida pela prefeitura de Salvador em 2020. Como o evento não estava inicialmente previsto, a justificativa de um compromisso agendado anteriormente pela campanha caiu como uma luva. Porém essa é a desculpa pública. O candidato do prefeito ACM Neto na sucessão preferiu não ser um saco de pancada para ser alvejado por oito adversários sem oportunidade de uma defesa justa.

Na disputa por espaço de visibilidade, todos os adversários que estão atrás nas pesquisas de intenção de voto devem aproveitar toda e qualquer oportunidade para aparecer. Um debate permite isso, mesmo que seja fora dos suportes mais tradicionais de comunicação, a exemplo do rádio e da televisão. As eleições de 2020, completamente atípicas por conta da pandemia do novo coronavírus, aumentaram a demanda por esses espaços para candidatos que estejam em desvantagem na corrida. Por isso até mesmo um documento tentando “forçar” a realização de novos debates nas televisões chegou a ser ensaiado. Jogada favorável apenas para quem está atrás na disputa.

O encontro da Associação Bahiana de Imprensa, em parceria com a seção Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil, buscou preencher essa lacuna deixada pela ausência dos encontros cancelados na televisão. Longe do alcance de uma emissora comercial, o planejamento foi feito inicialmente para plataformas na internet. Após a TVE se juntar ao pool de retransmissão, houve a adaptação. Ainda assim, dificilmente uma transmissão com 3h de duração atrairia o eleitor a permanecer até o final. Só que para quem está com certo conforto nas pesquisas, participar provocaria apenas mais desgaste do que o risco de um nocaute técnico - improvável, mas não impossível numa corrida eleitoral.

Do ponto de vista do idílico, da festa da democracia, a não ida de Bruno Reis seria reprovável. Entretanto, numa campanha eleitoral, todo mundo é pragmático. Inclusive os adversários. Se qualquer um deles estivesse em situação semelhante à do atual vice-prefeito, provavelmente não participaria, tal qual ele decidiu, de última hora, para tentar não ser grosseiro. Quem disser o contrário, estará mentindo.

O debate da ABI/OAB-BA nasceu como uma boa iniciativa. Porém sem um dos principais protagonistas do jogo eleitoral de Salvador em 2020, acabou se tornando um encontro de aliados que, por hora, são adversários. E cedeu palco para os nanicos Cezar Leite (PRTB) e Rodrigo Pereira (PCO) duelarem com outros companheiros de urna. E só.

Este texto integra o comentário desta quinta-feira (5) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para a rádio A Tarde FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e TuneIn.

 

BN/Foto: Ulisses Dumas/ Divulgação/ ABI


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