O futuro prefeito de Salvador, Bruno Reis, optou por mudanças muito discretas na estrutura administrativa da gestão. É um exemplo prático que a ideia de continuação do modelo adotado por ACM Neto no Palácio Thomé de Souza não deve sofrer tantas alterações a partir da chegada de Bruno ao comando do Executivo. O atual vice tem sido tímido nos anúncios pós-eleições. Até mesmo a reforma administrativa foi remetida à Câmara sem o alarde típico do grupo político - parte explicada facilmente pela coincidência do projeto ter chegado no mesmo dia em que Bruno Reis se despediu da avó que o criou.
Não que houvesse uma grande expectativa de mudanças na estrutura da prefeitura. O discurso de austeridade permeou a campanha de todos os candidatos a prefeito em 2020 e, em Salvador, isso não foi diferente. Conhecendo de perto a situação das finanças da capital baiana, não caberia inchar a máquina no pós-pandemia. É um ponto positivo para Bruno Reis, que terá muitos desafios na fase inicial da gestão, sendo o mais difícil deles assumir o protagonismo frente a uma figura de inegável envergadura política como ACM Neto.
A manutenção das secretarias e cargos de maneira similar a da atual administração é, de alguma forma, inusitado. Durante o período eleitoral, os adversários tentaram sugerir que o arco com 15 partidos angariado por Bruno Reis iria provocar o fatiamento da gestão. Pelo menos no papel, isso não aconteceu. Não houve aumento significativo dos espaços, o que deve render dor de cabeça extra para acomodar eventuais aliados que não conseguiram êxito nas eleições ou que condicionaram o apoio a essas vagas. O futuro prefeito pagou para ver.
No comparativo com a última grande reforma administrativa, o prefeito eleito escolheu não criar superestruturas. Na verdade, foi no caminho contrário. Esvaziou um pouco a “supersecretaria” de Desenvolvimento e Urbanismo, que foi ocupada por Guilherme Bellintani na primeira etapa da segunda gestão de ACM Neto e depois preenchida por Sérgio Guanabara, com perfil bem mais discreto que o antecessor. Não deixa de ser uma boa estratégia evitar que um potencial adversário se crie utilizando a visibilidade obtida dentro da própria prefeitura - o próprio Bellintani, por muito pouco, não foi um exemplo disso.
Os nomes que vão integrar o futuro governo ainda estão guardados a sete chaves, que Bruno Reis parece deixar sob o travesseiro. Mesmo as tradicionais especulações na imprensa, muito comuns nessa etapa do processo, estão tímidas e poucos foram os direcionamentos divulgados até aqui. A perspectiva é que publicidade do secretariado aconteça entre Natal e Réveillon, o que vai diminuir o tempo de comparação entre a atual equipe e a próxima. É parte da estratégia política, mas também de marketing. A nós, cabe esperar.
por Fernando Duarte/Foto: Paulo Victor Nadal/ Bahia Notícias