Remanso é uma cidade aprazível, nova, porque refundada em 1974 em razão da construção da Barragem de Sobradinho, e profundamente desigual. Desigualdade que começa no atendimento médico, na educação, segurança e vai até o inimaginável fornecimento de água. Não falamos de esgoto e saneamento. Isso é luxo!
Localizada no norte da Bahia, às margens do Lago de Sobradinho, com estimados quase 42 mil habitantes em 2019, 4.500 quilômetros quadrados, menos da metade da população atendida por esgotamento sanitário e 0,57 em IDH (Índice de desenvolvimento Humano), Remanso ainda tem o azar de tantas cidades parecidas e localizadas no semiárido nordestino: é administrada por coronéis, que se mantém no poder por décadas, enriquecendo a si, à família e apaniguados.
Em 1965, o então prefeito Job Ferreira Braga, conhecido como Cinem Braga, inaugurou o SAAE – Serviço Autônomo de Água e Esgoto, um avanço extraordinário para a época. Decorridos 55 anos água encanada e tratada ainda é um privilégio para poucos em Remanso.
A Vila Dalvina é exemplo vivo desta falta de compromisso do prefeito com a vida daqueles mais necessitados. Um bairro inteiro de Remanso, existente há oito anos, que ainda é abastecido por carro pipa três dias por semana. Não é falta de recurso: a prefeitura recebe mensalmente em torno de 7 milhões de reais e nenhum tostão é investido na ampliação da rede de água ou em esgoto sanitário há muitos anos.
A menos de 500 metros da sede do SAAE, a Vila Dalvina é o retrato pronto e acabado de como não se deve tratar a população de uma cidade. Quem comenta essa situação é Eulálio Braga, pré-candidato a prefeito pelo PTB, filho do fundador do SAAE: ‘Lamento o desprezo do prefeito Zé Filho com os moradores da Vila Dalvina. Aqui, moram pelo menos 3 mil famílias, abastecidas com carro pipa três vezes por semana. É um crime que se comete há anos”.
Não é de estranhar o índice de mortalidade infantil e o recuo no desenvolvimento.