Aplicativo para compra e venda de produtos e serviços, produção de máscaras e serviço de delivery para produtos da agricultura familiar estão entre as ações.
Lançado em abril, o aplicativo Fique no Lar foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Federal do Ceará (IFCE) e disponibilizada para o Governo do Estado através de uma parceria com as secretarias de Desenvolvimento Econômico (SDE) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). Em um mês, a ferramenta alcançou 777 cadastros de empresas, em 108 municípios baianos. Salvador lidera os cadastrados com 286 estabelecimentos. O setor de alimentos é o campeão de cadastros. Em todos os territórios do estado, associações e cooperativas da agricultura familiar se adaptam à nova realidade e adotam o sistema delivery como uma das estratégias de comercialização. O app está disponível para android na Playstore e para iOS no App Store
O superintendente de Desenvolvimento Econômico da SDE, Paulo Guimarães, reforça que a pandemia da Covid-19 tem trazido uma série de dificuldades e desafios para a economia, principalmente para as micro e pequenas empresas. “Não se sabe o que vai acontecer quando a pandemia passar, mas certamente, para sobreviver e para ter uma chance na nova economia que surgirá, será exigido das empresas criatividade e adaptação a novas formas de prestação de serviços e de se fazer comércio”.
Guimarães destaca que as empresas só estão conseguindo sobreviver porque estão se adaptando à tecnologia da encomenda, da entrega e do atendimento virtual. “Isso deverá permanecer após o fim da pandemia e trará, com certeza, alterações nas relações de trabalho, nas relações comerciais. As empresas que se adaptarem melhor terão mais oportunidades no futuro. Os trabalhadores também precisam estar cada vez mais qualificados para o atendimento virtual, para trabalhar autonomamente, e isso vai exigir uma qualificação do profissional, diferente da que era exigida anteriormente no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, muitas serão as necessidades de investimentos públicos, para que a economia volte a crescer”.
Palavra de empreendedor
Para a coordenadora da Câmara Estadual da Mulher Empresária da Fecomércio-BA, Rosemma Maluf, o aplicativo é uma ferramenta que proporciona a sobrevivência das pequenas empresas durante o período de quarentena. “É muito importante a iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de criar uma aplicativo para que as pequenas empresas possam anunciar o seu negócio e os clientes possam, com a recomendação da quarentena, fazer os seus pedidos. Principalmente nessa fase em que a economia precisa girar, os pequenos negócios precisam encontrar uma alternativa para a sua sobrevivência”.
Um exemplo é o pequeno empreendedor André Brenha, proprietário de uma pizzaria no bairro de Piatã, em Salvador. Ele conta com a ferramenta para atravessar este momento difícil para a economia. “Eu quero agradecer a iniciativa do aplicativo Fique no Lar, que nos ajuda, pequenos empreendedores, a termos nosso estoque e a nossa produção sempre em alta. Eu aproveito e peço a todos para ficarem em casa e pedirem pelo delivery”.
Pequeno produtor delivery
A Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) vem divulgando, em seus meios de comunicação, as iniciativas de delivery que estão sendo realizadas em toda a Bahia. No site da secretaria (www.sdr.ba.gov.br), por exemplo, está disponibilizado um catálogo com nome e contato de empreendimentos que estão realizando entregas, tanto em Salvador como no interior baiano. São diversos produtos que a população pode adquirir em casa, como morangos, chocolates, cafés, castanhas de caju, derivados do milho, do licuri e do umbu e diversos cortes de cordeiros e cabritos.
Entre as cooperativas que têm se destacado está a Cooperativa de Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan), localizada no Território Baixo Sul. Ela entrega, de domingo a sexta, produtos como goma para beiju, farinha de mandioca, doce de banana, além de produtos in natura como banana-da-terra, banana-maçã, aipim e abacaxi na rede Walmart. Os produtos industrializados da cooperativa também podem ser encontrados na Rede Mix.
De acordo com a representante da Coopatan, Adriana Sousa Resende, a cooperativa não parou suas atividades e nem seu abastecimento de Salvador e região. “Sabemos a importância de escoar a produção para a geração de renda dos agricultores familiares e para continuar nossas atividades. Redobramos os cuidados com o controle de qualidade para preservar a saúde dos cooperados, colaboradores e consumidores, levando até as gôndolas produtos saudáveis e rastreáveis. Estamos mostrando a importância dos pequenos produtores de alimentos no abastecimento das cidades”, afirmou Adriana.
Segundo dados da FAO, agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, cerca de 80% dos alimentos produzidos no mundo são da agricultura familiar. Hoje, é possível encontrar desde hortaliças, frutas e verduras até produtos diferenciados como azeite de licuri, palmito, cervejas artesanais de licuri e de umbu, chocolates sem lactose, geleia de mel de cacau, produtos lácteos, cortes nobres de caprinos e ovinos, dentre outros. São alimentos mais saudáveis, produzidos com o cuidado com o meio ambiente e a geração de renda para mais de três milhões de baianos que vivem da agricultura familiar.
Trabalhando em rede
Das mãos de 600 costureiras de Salvador, Itabuna, Senhor do Bonfim, Juazeiro, Vitória da Conquista e municípios vizinhos surge mais um reforço no enfrentamento à Covid-19 na Bahia. Por meio do projeto “Trabalhando em Rede no Combate ao Coronavírus”, através da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), as profissionais estão produzindo dois milhões de máscaras de proteção para distribuição gratuita. O secretário da Setre, Davidson Magalhães, destaca a importância da iniciativa. “O Projeto Trabalhando em Rede, além de ser mais uma ação do Governo do Estado no combate à pandemia do coronavírus, já que a máscara funciona como uma barreira contra a propagação do vírus, vai garantir, por dois meses, renda para 600 costureiras, que, nesse período, vão produzir dois milhões de máscaras". O financiamento é feito através do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad) e executado por Organizações da Sociedade Civil (OSC).
Secom/Foto: