Rui demite chefe da Casa Civil, Bruno Dauster

thumbnail 1586274546IMGS5712

O governador Rui Costa (PT) ficou simplesmente possesso antes de tomar a decisão de demitir o seu chefe da Casa Civil, Bruno Dauster, ocorrida ontem, coincidentemente, quando expirava o prazo para a desincompatibilização de candidatos a cargos executivos nas próximas eleições.

Antes de determinar que o ato exonerando o secretário fosse para o Diário Oficial, Rui bateu na mesa e passou a mão na cabeça duas vezes, dizendo, segundo duas pessoas que presenciaram a cena: ‘eu não merecia isso’. Dauster era o braço-direito de Rui no governo, apesar dos críticos que colecionava.

Seu desejo de servir ao gestor era tamanho que, a despeito dos reparos ao seu comportamento que muitos que o consideravam arrogante e presunçoso faziam ao governador, Rui não se incomodava, dando-lhe corda para tocar a gestão com razoável liberdade.

Com a deflagração da Operação Ragnarok, da Polícia Civil da Bahia, que mirou a empresa da qual o Consórcio Nordeste, que reúne governadores nordestinos e é liderado pelo baiano, adquiriu e não recebeu respiradores mecânicos para enfrentar a pandemia, o secretário entrou em declínio com o chefe do executivo estadual.

Os equipamentos custaram R$ 49 milhões, dos quais R$ 10 milhões foram desembolsados pelo governo baiano pela aquisição de 300 deles. À medida que as investigações avançaram, no entanto, chegaram ao ouvido do governador informações de que o nome de Dauster seria apontado como negociador e responsável pela aquisição.

Foi o que a empresária Cristiana Prates, dona da Hempcare, empresa da qual os respiradores foram adquiridos, confirmaria hoje a uma reportagem da TV Bahia. “A minha negociação, noventa e nove vírgula nove por cento, foi com Bruno Dauster”, afirmou ela.

A dona da Hempcare já havia dito o mesmo, antes da operação policial, realizada na semana passada, numa entrevista a um jornalista de um veículo de comunicação do Rio Grande do Norte. Segundo um assessor do governador, o profundo descontentamento de Rui teria sido demonstrado por um simples fato.

O governador não deu tempo sequer para que Dauster tentasse consertar o erro. Com vida política sem reparos, Rui é do tipo que não transige com condutas que possam manchar sua reputação e a imagem de gestor extremoso que construiu, conforme costuma dizer, em anos de trabalho incansável como governador.

O medo de que o presidente Jair Bolsonaro tentasse usar o fato politicamente e colocasse o Consórcio Nordeste sob a mira da Polícia Federal, que passou a usar contra adversários desde a saída de Sérgio Moro do ministério da Justiça, também teria falado alto.

 

Fonte: Politica Livre/Foto: Divulgação

 


Imprimir