O PSD, o 'leão de chácara' e a pressão sobre Rui

IMAGEM DUARTE 5

“Não foi exitosa”. É um eufemismo interessante adotado pelo senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, ao minimizar as tensões criadas entre o correligionário Angelo Coronel e o governador Rui Costa (PT) a partir do debate sobre as estratégias da base aliada em Salvador. Há uma rusga premente e esse episódio traz a público uma insatisfação até então tratada apenas nos bastidores. Rui, mesmo que tenha um bom trânsito entre os aliados, não chega a ser unanimidade.

Entre os partidos que compõem a base estadual, PSD e PP são os mais relevantes na construção de uma aliança ampla para dar continuidade ao projeto comandado pelo PT na Bahia. Os partidos possuem as maiores bancadas na Assembleia e o maior número de prefeitos e tendem a ser decisivos na corrida de 2022. Por isso os afagos para mantê-los no mesmo barco devem ser constantes até lá. E alguns momentos caminham para dar o tom dessa relação.

A primeira pedra no caminho é a eleição para a presidência do Legislativo baiano. O acordo para que PSD suceda a gestão de Nelson Leal (PP), avalizado pelo próprio Rui, é um desses instantes. O vice-governador João Leão, cacique do PP, vociferou desconhecer a existência desse aperto de mãos. O governador, instado a falar sobre o tema, frisou que o pacto é real e deve ser cumprido. Se escolher o lado do PP, briga com o PSD. Se for pelo outro, a indisposição será com o partido do vice. É uma espada dependurada sobre a cabeça difícil de ser removida.

Mesmo que a disputa na Assembleia tenha um final feliz, há outras nuances a serem observadas. O PSD, por exemplo, não esconde o interesse em participar de uma chapa presidencial daqui a dois anos. Caso aconteça - e a aliança não seja a mesma local -, o partido terá que construir palanque para essa candidatura. Quem trouxe o tema à pauta foi o próprio presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que citou até o nome de Otto como um potencial candidato.

Coronel não é inocente e sempre foi um bom “leão de chácara”. Como senador até 2026, ele tem gordura para queimar e a utiliza como uma forma de pressionar o governador a agir pró-PSD quando for necessário. Se na eleição de 2020, quando a legenda foi colocada em segundo plano em Salvador, coube a ele bradar, não estranhemos se ele assumir uma posição mais crítica em relação a Rui. O PSD não está para brincadeira.

BN


Imprimir