Produtores de eventos realizaram uma manifestação na manhã desta quinta-feira (4) na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, pedindo ajuda da população e cobrando atenção do poder público por causa da falta de trabalhos no período da pandemia da Covid-19. Para evitar aglomerações, um decreto estadual proíbe reuniões com até 200 pessoas, o que impossibilita a realização de shows na Bahia.
Cerca de 180 mil profissionais atuam na área em todo o estado – músicos, produtores, técnicos, seguranças e ambulantes. Deste número, 400 trabalham como produtores de bandas e artistas musicais. Porém, com o impedimento de realizar os eventos, eles afirmam não ter de onde tirar a renda mensal.
André Pimenta, por exemplo, é produtor de eventos há 25 anos e gerenciava uma equipe de 40 pessoas antes da pandemia, tendo prestado serviços a artistas como Claudia Leitte, Jau e Tayrone. Com os trabalhos, segundo ele, chegava a faturar R$ 10 mil por mês. Sem os shows, ele reabriu uma barbearia com o irmão para conseguir pagar as dívidas.
“Quando veio a pandemia a gente deixou de produzir evento. Vai fazer um ano sem ter uma renda. E aí que veio a ideia. Sem renda nenhuma e gastando o que tinha guardado, com filho, colégio e conta chegando. E montei a barbearia para tentar sobreviver”, disse.
De acordo com o presidente da Associação de Profissionais de Eventos da Bahia (APE), Luis Seixas, a entidade auxiliou os profissionais durante parte da pandemia, fornecendo cestas básicas. Mas o material deixou de ser doado por causa dos recursos, deixando mais vulneráveis os profissionais que estão na ponta da cadeia produtiva.
“A APE fez um trabalho, durante nove meses, de doação de cestas [básicas]. Uma média de 450 por mês. Fazia o cadastro das pessoas mais necessitadas e distribuía. Só que a pandemia veio para todo mundo. E isso foi acabando. Têm pessoas passando necessidade. Literalmente passando fome”, declarou Seixas.
Segundo ele, os governantes precisam manter um diálogo com as entidades. No entendimento do produtor, a condução no combate à pandemia tem sido bem feito, mas é necessário que os trabalhadores sejam ouvidos.
“O que nós queremos e dialogar, procurar um protocolo, um acesso às pessoas que estão necessitando. Há uma necessidade básica que precisa ser respeitada. Queremos um diálogo aberto com os governantes, que têm feito um trabalho perfeito em defesa da pandemia. Mas tem que ver que durante 11 meses nós estamos esquecidos”, afirmou.
O decreto que suspende eventos com mais de 200 pessoas na Bahia foi prorrogado até o próximo domingo (7) e, até então, o governo ainda não tem informações sobre novas prorrogações.
G1 Bahia Foto Reprodução TV Bahia