A retomada da rotina, inclusive no ambiente escolar, tem sido o sonho de muita gente, que segue mais distante de se concretizar pelo agravamento da pandemia. E nesse cenário, os desafios para a volta às aulas na rede pública da Bahia, seja de forma remota, híbrida ou presencial, são incontáveis.
Mesmo com a data de retorno remoto na rede estadual já definida pelo Governo da Bahia, os meios que vão possibilitar isso e, posteriormente, a presença do aluno em sala de aula, foram amplamente debatidos em audiência pública promovida pela Comissão Especial para Avaliação dos Impactos da Pandemia da Covid-19 da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), presidida pelo deputado Angelo Almeida (PSB). O evento aconteceu de forma virtual, nesta quarta-feira (24), com a presença do subsecretário estadual de Educação, Danilo Melo.
Na apresentação do calendário, Danilo disse que no dia 1º de março será realizada a preparação do ano letivo 2021; de seis a 12 do mesmo mês será a jornada pedagógica; e no dia 15, as aulas começam. A expectativa, segundo ele, é que a iniciativa do Estado reflita também na retomada das aulas remotas na rede pública dos municípios.
Para possibilitar o funcionamento do modelo remoto na rede estadual, o subsecretário ressaltou que serão disponibilizados materiais e livros digitais e impressos para estudantes, salas virtuais do Google, caderno de apoio à aprendizagem, exercícios de reforço via WhatsApp, pelo Chatclass da Bahia, internet nas escolas por meio de provedores locais de banda larga e aulas transmitidas por meio do novo canal da TVE, o Educa Bahia, que estreia no dia 1º de março. Além disso, os professores receberão um guia com orientações para evitar sobrecarga na retomada das atividades.
Quando for possível o retorno híbrido, mediante redução dos casos de Covid-19 no Estado, embora o subsecretário não tenha especificado qual o índice para que isso aconteça, serão três dias da semana em sala e três dias em casa. No modelo presencial, serão seis dias em sala de aula. “O que vai determinar o início das atividades híbridas e presenciais é o protocolo de segurança, que garanta a proteção de todos nas escolas”, ressaltou.
Pontuações e questionamentos
Durante a audiência, houve uma série de questionamentos e pontuações por parte dos convidados e participantes. O diretor do Sindicato dos Professores no Estado da Bahia (SINPRO/BA), Alysson Mustafá, destacou que o clamor da sociedade por volta às aulas não pode se tornar um fator de pressão, dando como exemplo o Reino Unido, onde a reabertura das escolas foi responsável por boa parte das transmissões da doença: “É preciso, sim, pensar em formas de retornar, mas não de modo superficial”.
Também presente no evento, a deputada federal Lídice da Mata (PSB), questionou quais serão os meios para avaliar o nível de aprendizado dos estudantes nas aulas remotas e defendeu prioridade para professores no plano de vacinação. “A desigualdade entre estudantes da rede pública e privada se revelou de forma estarrecedora na pandemia e nós temos obrigação de diminuir essa diferença. Discussões como a de hoje já é um passo importante nesse processo”, frisou.
Houve também, na ocasião, participantes que pontuaram a importância da colaboração de familiares no retorno das aulas remotas e presenciais; a inclusão de crianças com deficiência e os prejuízos que elas já sofreram no desenvolvimento, desde que as aulas foram suspensas; além da defesa de que há urgência na retomada das atividades presenciais nas escolas, diante de problemas psicológicos que crianças e adolescentes estariam desenvolvendo fora de seu principal ambiente social e o baixo nível de contaminação e risco de letalidade nestes grupos.
O deputado Angelo Almeida, presidente da Comissão, conclamou a união de todos a favor da Educação e especialmente da vida: “Creio que a união de todos nós é o ponto mais relevante nesse debate. Precisamos ter o objetivo comum de vencer essa pandemia”.
Agravamento da pandemia
Pelos dados apresentados pela coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde do Estado, Izabel Marcílio, o momento atual é altamente impróprio para atividades presenciais nas escolas. Ela lembrou que, em novembro de 2020, começou a aumentar o número de casos da Covid-19 e a necessidade de leitos clínicos e de UTI. O pico aconteceu em agosto, com 1.196 leitos ocupados. Esse número diminuiu em outubro para menos de 500 e agora chega a 1.113. “A situação é crítica em hospitais públicos e privados. Ou a gente reduz agora a transmissão ou a gente pode chegar ao colapso o que, felizmente, ainda não vimos na Bahia”, alertou.
Ascom