Após muita expectativa, o governador Rui Costa iniciou uma reforma no secretariado. Mesmo que a promessa inclua outras mudanças, a mais perceptível foi a ampliação do espaço do Progressistas no primeiro escalão estadual. O governador cedeu à pressão do vice, João Leão, que ameaçou engrossar o pescoço na batalha pelo comando da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) e, com certeza, segurou a sigla por mais tempo no arco de alianças. Resta saber se a fidelidade permanece até 2022 ou se será similar ao acordo pela direção da AL-BA.
Não deixou de ser um prêmio para a rebeldia, como pintou o aliado Marcelo Nilo (PSB). Porém é mais uma estratégia para o futuro - sem esquecer o passado. Entre agradar o PP e o PSD para continuar no projeto que deve ter o ex-governador Jaques Wagner como candidato no próximo ano e qualquer outra legenda, ninguém hesitaria em escolher a primeira opção. Nem mesmo Rui, considerado até menos hábil politicamente do que o seu entorno. Com essa chamada à responsabilidade, o Progressistas, em tese, fica menos propenso a abandonar o barco.
Há uma questão relevante a ser considerada, inclusive. Como Leão não pode tentar ser vice mais uma vez - nem mesmo indicar o filho, Cacá, para ser candidato - e Otto Alencar não parece afeito a desistir da reeleição ao Senado pelo PSD, a conta ficará complicada para fechar, levando em consideração Wagner encabeçando a chapa. Ou o PP emerge com outro cacique para a composição ou pode acabar fora do circuito, algo extremamente improvável. Isso obriga uma “renovação” desse grupo, algo que pode, inclusive, se tornar um trunfo frente ao argumento da novidade já apresentado pelo candidato ao governo do outro lado, ACM Neto. Ainda que o novo nome não seja “jovem”, qualquer respiro pode ser importante numa disputa que promete não ser tão simples como nos embates entre PT e DEM há três eleições.
Rui tem uma janela cada vez mais curta para rearranjar aliados. E a justificativa da pandemia para adiar as conversas políticas começa a ficar menos aceitável - especialmente por manter aqueles que marcharam ao lado de adversários em 2020, leia-se PDT e PL. O período entre eleições é propenso para mudanças por permitir que as tensões se dissipem sem tanto prejuízo. Afinal, é melhor ter cicatrizes do que chagas abertas para disputar um pleito. O PP, pelo menos, já pode acalmar um pouco mais o coração.
por Fernando Duarte/Foto: Joilson César/ Ag. Haack/ Bahia Notícias