A escassez de financiamentos nacionais e internacionais para projetos sustentáveis de geração de energia eólica e solar, para a recuperação de mananciais e nascentes de rios e para a transição do combustível fóssil para a energia elétrica na implantação de veículos de transporte de massa. Esses temas foram o ponto central da participação do governador Rui Costa no Encontro Internacional de Governadores pelo Clima, organizado pelo Centro Brasil no Clima (CBC), nesta terça-feira (28).
O evento virtual contou com a presença do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e outras autoridades e representantes de órgãos envolvidos com a sustentabilidade e a redução de carbono.
“Temos um desafio enorme que é transformar as tecnologias disponíveis, transformar as boas intenções e as boas ideias em materialidade, concretizando a geração de energia sustentável e a manutenção do clima”, afirmou Rui.
“Na Bahia, nós implantamos transportes movidos a energia elétrica, o metrô, VLT, e estamos buscando implantar ônibus elétricos na região metropolitana. E o gargalo hoje colocado é o financiamento. O ônibus elétrico é mais caro que o ônibus de combustão, a diesel, e, apesar das boas intenções e das declarações, nós não temos fontes de financiamento que compensem essa diferença de custo, porque um custo maior se replica no preço da passagem que vai ser paga por pessoas de baixa renda e isso impacta nos projeto”, acrescentou.
Rui pontuou a necessidade de que essa disponibilidade de recursos seja discutida pelos organismos de financiamento nacionais e internacionais. “O Governo da Bahia entra com uma parte considerável do projeto do VLT, por exemplo, pela dificuldade de encontrar financiamento. Temos um problema conjuntural do Brasil, e as entidades de financiamento, BNB e BNDES, infelizmente, estão contaminadas por essa política hoje praticada pelo governo federal, o que impede o financiamento de projetos. Há um ano, o projeto do VLT espera a liberação de financiamento pelo Banco do Nordeste e não temos financiamento disponível a preços que coloquem os projetos de pé”.
Energia solar e eólica
O governador também destacou o protagonismo da Bahia na produção de energia solar e energia eólica. “A Bahia tem se colocado como um dos estados do Brasil com maior volume de projetos implantados e também em implantação. Hoje, o grande gargalo da expansão da energia eólica e solar é a ausência de redes de transmissão que conectem os diversos locais com enorme potencial à rede que integra o País. O governo federal peca, nesse período recente, na ausência de leilões e projetos para a implantação de linhas de transmissão que viabilizem esses projetos. Temos muitos projetos em carteira, hoje adiados pela falta de linhas que garantam conectividade. Portanto, também é urgente a possibilidade de termos financiamentos para essas linhas que garantam essa conectividade”.
A Bahia está empenhada, segundo Rui, em projetos e parcerias dedicados à produção de hidrogênio verde. “Estamos procurando parcerias internacionais para viabilizar esses projetos, já que temos um grande parque eólico e solar, assim como estamos em expansão na instalação de usinas de biodiesel. Entraremos com uma em funcionamento agora no mês de novembro, no oeste da Bahia, que terá a produção integrada de biodiesel e energia. São projetos que podem ser alavancados com fontes específicas de financiamento que estimulem e deem sustentabilidade a esses projetos, sejam de transporte elétrico, sejam projetos de geração de energia ou de instalação de redes que conectem esses parques solares”.
Mananciais e nascentes
A dificuldade, por falta de recursos, para a recuperação de mananciais e nascentes de rios também foi ressaltada na fala do governador. “Precisamos viabilizar projetos de mananciais hídricos, sejam eles estaduais ou federais, aqui nos estados do Nordeste. É importante a recuperação do Rio São Francisco, da sua navegabilidade, a possibilidade de recuperar suas margens com matas ciliares. Diversos outros rios estaduais poderiam estar sendo recuperados se tivéssemos acesso a fontes de financiamento”.
Outro obstáculo apontado por Rui é o momento econômico vivido não apenas pela Bahia. “Hoje, infelizmente, em função da crise e da questão conjuntural que o Brasil passa, acrescida pela pandemia, que causou uma demanda extraordinária de recursos aplicados na saúde, os recursos próprios disponíveis para outros investimentos estão ainda mais escassos. Então, temos projetos, temos decisão política, mas, havendo financiamentos, isso poderia facilitar e muito a implantação desses projetos de recuperação de rios e de proteção de nascentes”.
Secom