O presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (7/10), que o Brasil poderá sofrer com desabastecimento em 2022 devido a falta de fertilizantes causada pela diminuição da fabricação chinesa. A declaração ocorreu durante a cerimônia de modernização de normas de segurança e saúde no trabalho, no Palácio do Planalto.
"Vou avisar um ano antes: fertilizantes. Por questão de crise energética, a China começa a produzir menos fertilizantes. Já aumentou de preço, vai aumentar mais e vai faltar. A cada cinco pratos de comida no mundo, um sai do Brasil. Vamos ter problemas de abastecimento no ano que vem".
Porém, ele relatou conversas com o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, almirante Flávio Rocha, e disse que o governo trabalha desde março em um plano emergencial para o país.
Sobre a alta dos combustíveis e gás de cozinha, o presidente citou reunião com o presidente da Petrobras e com o ministro do MME e alegou que o problema não ocorre apenas no país, mas no mundo todo.
"Todo mundo quer que diminua, né? Somos unânimes. Agora, os combustíveis encareceram no mundo todo e não foi [sic] 2, 3, 4, 5, 10% não. Foi [sic] 30, 40, 50%, até 100%. O gás usado em casa no Reino Unido aumentou 300% em dois meses. Está aumentando no Brasil? Sim. O preço do volume de 13 kg está custando R$ 46. Mas sai dali e vai para uma empresa que bota o gás dentro do botijão. Ali, em média R$ 20 para engarrafar. É um absurdo esse preço. Arredondando, chegou a R$ 60. Na ponta da linha está R$ 120. O que eu fiz no começo do ano? Zerei o imposto do gás. Mas como é que chega de R$ 60 a R$ 120? Tem ICMS, tem o frete, tem a margem de lucro do cidadão que está vendendo na ponta da linha", justificou.
Ele ironizou que a população diz que "a culpa é do Bolsonaro" e citou monopólios no setor. "Daí eu perguntei quantas envasadoras de gás têm no Brasil. Umas 60. Se a gente pega ali o Mato Grosso, entre uma que engarrafa e outra lá no Pará, dá 2.500 km de distância. Então, quem está recebendo o gás no meio do caminho o botijão andou de carro 2.500 km. Aí chega a R$ 140 o botijão. A culpa é de quem? 'A culpa é do Bolsonaro'. Não tô tirando meu corpo fora, tô mostrando a realidade. Por falta de conhecimento meu povo pereceu. É a verdade. Agora é monopólio. É fácil lutar contra monopólio? Não é."
Citando ainda a crise hídrica, ele apontou que "sem energia tudo se complica". "Quando se aumenta, o Brasil não é o mundo. Estamos interligados".
Bolsonaro também atribuiu ao governo PT o aumento no combustível e reclamou de pesquisas que apontam o petista na liderança. "Uma parte do diesel nós somos obrigados a importar porque um ex-presidente, 'muito bacana', que tivemos há pouco tempo no Brasil, planejou três refinarias: duas no Nordeste e uma no Sudeste. Por questões politicas em parte ou para atender ao petróleo vindo do seu amigo Chávez, da Venezuela. Não deu certo. O prejuízo ultrapassou R$ 230 bi. Quem tá pagando a conta? Você que bota combustível no carro. E a gente vê em certas pesquisa que o cara ideal para combater a corrupção é esse cara que tratava a coisa pública dessa maneira, que tinha um 'projeto de poder'".
"Como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Será que temos que experimentar isso? Por outro. Por mim, não. Olha o que o outro lado fala: desarmar a população. 'Não comemos fuzil nem bala, comemos feijão'. Se alguém entrar na sua casa, atira com arma de feijão", repetiu em referência a uma declaração polêmica feita em julho, quando afirmou que "todo mundo tem que comprar fuzil". "Eu sei que custa caro. Daí tem um idiota que diz 'ah, tem que comprar feijão'. Cara, se não quer comprar fuzil, não enche o saco de quem quer", afirmou à época.