Num botequinho da cidade, alguns pingaiadas conversam e bebem ao anoitecer da véspera de Natal.
- Meu filho pediu uma bicicleta pro Papai Noel.
- Minha filha pediu uma boneca que fala.
- Eu pedi uma garrafa de cachaça!
Silêncio no boteco, seguido de gargalhadas ébrias.
- Mas Tião! Você não tem filhos!
- Eu sei. A garrafa de cachaça é pra mim.
Mais gargalhadas.
- Nossos filhos escreverem cartas pedindo presentes para o Papai Noel tudo bem. Mas você Tião... Você está na casa dos cinquentas anos!
- E Daí? Também tenho direito de ganhar presente. Esse ano me comportei bem, trabalhei muito, não arrumei encrencas nos botecos, não briguei com a minha esposa em casa. Tudo o que fiz foi tomar minha pinguinha no final da tarde e ir para casa descansar.
Um dos bêbados caiu da cadeira de tanto rir (e também porque estava bêbado, é claro).
- Escuta Tião... É sério... Você acredita em Papai Noel?
- É Claro que acredito! Vai me dizer que vocês não acreditam?
As risadas eram tantas que teve bêbado que acabou passando mal e foi levado às pressas para o hospital tomar glicose.
Tião furioso com total desdém pagou a conta e foi embora para casa.
Quando já era madrugada no Natal os amigos cachaceiros perambulavam pelas ruas na procura de algum outro boteco que ainda estivesse aberto. Ao passarem em frente à casa de Tião não acreditaram no que viram.
Em cima do telhado da casa estava estacionado um bonito trenó repleto de luzes coloridas; puxando o trenó estavam as renas voadoras descansando e balançando o rabo.
Imediatamente os cachaceiros adentram na casa e encontram Papai Noel e Tião em efusiva alegria tomando goles generosos da cachaça presenteada.
Enquanto na cozinha, Zuleica, mulher de Tião, fritava uns torresmos de tira-gosto e cantarolava alegremente “Noite Feliz”.
Por Rodrigo Alves de Carvalho