A COVID-19 já levou a vida de mais de 210 mil brasileiros. No mundo, já são mais de 2 milhões de pessoas. O Brasil representa cerca de 2,3% da população mundial, mas participa com 10% das mortes pelo novo coronavírus.
Esse é só um item do retrato dramático da gestão da saúde no país em que pese o trabalho abnegado e absolutamente heroico de profissionais nos hospitais, clínicas, unidades básicas, transporte. Essa estatística entristece.
Infelizmente, seria muito esperar resultado diferente. A crise é histórica e invade outros setores. Faltam investimentos. Sobram aproveitadores.
Chega até a ser cômica (para não dizer trágica) a ânsia dos políticos em aproveitar as boas notícias – cada vez mais raras – para auferir ganhos pessoais. Sempre pensando na próxima eleição.
A politização da vacina, por exemplo, é uma daquelas situações que envergonham e entristecem, sabendo que enquanto há briga por sua paternidade há pessoas morrendo sem oxigênio no Amazonas.
No mundo todos vemos relatos de países unidos em torno de estratégias de combate ao COVID-19 e pela imunização. Bem ou mal, os dirigentes trabalham para cumprir o que prometeram nas campanhas e o que espera a população. Não sejamos ingênuos a ponto de não saber que lá, assim como aqui, há problemas. Mas o que nos chega é um movimento quase sempre uniforme, em que situação e oposição querem resolver o problema comum.
País de extremo potencial e condições de ser um gigante, o Brasil sempre se perde nas vaidades e falta de estratégia nacional.
No caso das vacinas, esse espectro se escancara. Campanhas e críticas feitas contra China e Índia nos últimos anos viram-se agora contra nós. E o Brasil fica na fila para receber as vacinas e os imunizantes para fabricação local.
Mais uma vez, o prejuízo recai sobre as pessoas. De Norte a Sul do país, aumentam os casos do novo coronavírus e faltam estrutura, pessoas, equipamentos e produtos – inclusive os básicos – para fazer o mínimo. Como sempre acontece, os menos privilegiados são os mais prejudicados. Até quando?
Por Antonio Tuccilio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
Ana Lívia Lopes