Autoridades de saúde e governos de vários países recomendam ou tornam obrigatório o uso de máscaras porque elas diminuem as chances de pessoas infectadas espalharem o coronavírus.
As máscaras — dependendo do tipo e do material — filtram a maior parte das partículas virais, embora não todas. Há algum tempo acredita-se que a exposição a esse baixo nível de partículas virais provavelmente produz uma doença menos grave.
Resultados de experimentos realizados no passado com humanos expostos a diferentes volumes de vírus não letais demonstraram sintomas mais graves em indivíduos que receberam uma carga viral mais alta.
Com o novo coronavírus, a experimentação não é possível nem ética, mas os testes realizados em hamsters que simulavam o uso de máscaras separando os animais com uma parede divisória feita de máscara cirúrgica, não só mostraram que os hamsters protegidos eram menos propensas à infecção, mas que, quando eram infectados com covid-19, tinham sintomas leves.
Em termos de evidência epidemiológica, os médicos indicam que as altas taxas de mortalidade observadas no início da pandemia parecem estar associadas a intensa exposição a alta carga viral antes da introdução do uso de máscaras.
Caso do cruzeiro argentino
Um caso recente em particular é notável: o de um navio de cruzeiro na Argentina, onde todos os passageiros e tripulantes receberam máscaras após a detecção de um surto de covid-19.
Nesse ambiente fechado, 128 das 217 pessoas a bordo tiveram resultado positivo para coronavírus. No entanto, a maioria dos infectados (81%) permaneceu assintomática.
Como evidência ecológica, pesquisas indicam que países e regiões que estão acostumados a usar máscaras faciais para controle de infecção, como Japão, Hong Kong, Taiwan, Cingapura, Tailândia e Coréia do Sul, não sofreram tanto em termos da gravidade da doença e mortalidade.
O mesmo aconteceu com os países que aplicaram a máscara com antecedência.Além disso, mesmo quando esses países registraram o ressurgimento dos casos de covid-19 ao retomar a atividade social e econômica, as taxas de mortalidade permaneceram baixas, corroborando a teoria da carga viral, afirmam os autores do estudo.
Em conclusão, os médicos argumentam que o uso universal de máscaras durante a pandemia deve ser um dos fundamentos mais importantes no controle da doença e advogam que essa medida seja tomada em particular nos Estados Unidos, onde as diretrizes não são homogêneas e parte da população continua a resisitir, por vezes violentamente, contra o uso de máscaras.
Eles observam que durante a devastadora pandemia de gripe em 1918, os americanos adotaram com sucesso o uso de máscaras em público, mas a resposta às recomendações atuais dos Centros de Controle de Doenças (CDC) tem sido mista.
O uso de máscaras tem duas vantagens. O primeiro é proteger outras pessoas, evitando a propagação do vírus por uma pessoa infectada. Se essa preocupação com os outros não for suficiente, talvez a segunda vantagem — benefício individual — seja uma motivação mais eficaz.
Fonte: Terra/Foto: Getty Images / BBC News Brasil