“Os jovens do campo querem ser valorizados, acessar internet e mídias digitais, participarem de formações para a agricultura, precisamos de projetos que gerem renda e educação, queremos permanecer no campo”, destaca o jovem Luiz César da Silva, 19 anos, morador da Comunidade Sítio Pedra Miúda, em Mata Grande, Alagoas.
César é um dos milhares de jovens que driblam as dificuldades para permanecerem no campo pelo desejo de seguir o caminho dos pais: trabalhar na agricultura. Dados do Censo Agropecuário de 2017 apontam o envelhecimento dos trabalhadores rurais sem reposição nas camadas etárias mais baixas como um dos principais obstáculos ao crescimento da agricultura familiar no Brasil.
E César também é um dos 150 jovens que participaram do Projeto Pedagroeco – Metodologia de produção pedagógica de materiais multimídia com enfoque agroecológico para a agricultura familiar, que foi implementado com estes atores sociais nos estados de Alagoas, Sergipe, Bahia, Piauí e Paraíba. Durante mais de dois anos, a Embrapa atuou em parceria com universidades, institutos federais de educação, organizações não governamentais que compõem a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), além do Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô em um projeto que teve justamente o objetivo de estimular o protagonismo juvenil e a divulgação de experiências dos jovens sertanejos e suas famílias com a agricultura familiar e com a agroecologia, com o foco na comunicação para o desenvolvimento e na valorização da cultura local.
A trajetória e os resultados deste projeto foram registrados no livro que a Embrapa e as instituições parceiras lançam nesta quinta-feira (21), nas redes sociais. A publicação Juventudes, Identidades e Saberes Agroecológicos – relatos sobre experiências e diálogos entre o Pedagroeco e a Pedagogia Griô no Nordesteapresenta os resultados do Projeto e traz a visão dos jovens que vivenciaram a experiência. O lançamento acontece, às 19h, durante o Encontro Nacional da Pedagogia Griô, na página do Facebook “Pedagogia Griô”.
Composto por sete capítulos, o livro apresenta leituras de diversos atores e reúne, portanto, uma multiplicidade de formações tais como educadores populares, agricultores, técnicos agrícolas, pedagogos, engenheiros-agrônomos, biólogos, geógrafos, cientistas sociais, jornalistas, historiadores entre outras. Traz os relatos de experiências do Projeto em cada um dos estados e apresenta a proposta metodológica que foi sendo construída no percurso.
A publicação pode ser baixada gratuitamente no repositório de publicações da Embrapa, disponível no endereço https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1125276/juventudes-identidades-e-saberes-agroecologicos-relatos-sobre-experiencia-e-dialogos-entre-o-pedagroeco-e-a-pedagogia-grio-no-nordeste .
“Não se trata de um guia metodológico. Longe disso. Mas o livro inspira, do ponto de vista metodológico, outras intervenções, outras possibilidades de diálogo entre a ciência e as comunidades locais, sejam assentamentos, comunidades quilombolas e diversos grupos sociais”, salienta o pesquisador Fernando Curado, que atua na Embrapa Alimentos e Territórios, com sede em Maceió (AL).
Ascom