Consumo de álcool aumenta durante a pandemia

Foto Consumo de álcool aumenta durante a pandemia

Estudos mostram que 30% dos brasileiros passaram a consumir mais álcool durante a pandemia. Salvador e Florianópolis registram maiores taxas em sete anos.

Um estudo publicado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) revelou índices alarmantes sobre o consumo de álcool durante o isolamento social. A pesquisa foi realizada entre maio e junho de 2020, com mais de 12 mil pessoas em 33 países da América Latina e Caribe - 30,8% dos entrevistados eram brasileiros. 

Cerca de 35% dos entrevistados, com idades entre 30 e 39 anos, assumiram que abusaram das bebidas alcoólicas durante a pandemia, um comportamento que os pesquisadores denominaram de Beber Pesado Episódico (BPE), que acontece quando o indivíduo consome, em uma única ocasião, quantidades excessivas de álcool. A quantidade para identificar o BPE varia para homens e mulheres. Para eles, a definição está relacionada ao consumo de cinco ou mais doses de bebidas alcoólicas; já para elas, bastam quatro doses.

De acordo com os pesquisadores, as bebidas alcoólicas são ingeridas para aliviar o estresse do isolamento. Do total, 52,8% dos entrevistados que exageram no consumo relataram pelo menos um sintoma emocional como ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação, medo, irritabilidade e dificuldade para relaxar.

Apesar de ter se agravado durante a pandemia, este é um problema que já vem crescendo há alguns anos. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o consumo médio de álcool do brasileiro aumentou nos últimos sete anos e 40,2% dos entrevistados afirmaram ter consumido bebida alcoólica ao menos uma vez na semana. Salvador e Florianópolis estão entre as capitais que apresentaram as maiores taxas de consumo de álcool. 

Para a médica psiquiatra Miriam Gorender, professora dos cursos de Medicina da Rede UniFTC, pessoas que exageram no consumo de álcool podem apresentar depressão, ansiedade e até psicose. “Sugiro passar a realizar outras formas de alívio dos sintomas. Exercício físico, meditação, rotina regular e estruturada, contato frequente mesmo que virtual com os parentes e amigos. Caso não melhore, é importante lembrar que bebida não é medicação. Procure um psiquiatra e o mesmo poderá dizer qual tratamento é mais indicado” alertou a especialista.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se a pessoa consome mais de 20 g de álcool puro por dia ou se não deixa de beber por, pelo menos, dois dias na semana, corre riscos de saúde e outros problemas. Ainda segundo a Instituição, não existe um nível seguro para o uso de bebidas alcoólicas, considerando que mesmo pequenas doses ainda podem estar associadas a riscos significativos, como maior predisposição para desenvolver doenças hepáticas ou vulnerabilidade genética para dependência do álcool. 

Segundo o Centro de Informações de Saúde e Álcool, a meta estipulada pela OMS é de reduzir em, pelo menos, 10% o consumo nocivo de álcool até 2025. Tal padrão é notoriamente reconhecido como um importante problema de saúde, associado a cerca de 5% de todas as mortes no mundo e a 200 tipos de doenças e lesões.

A psiquiatra destaca que é importante que os amigos e a família estejam atentos aos sinais que indicam que é a hora de entrar em contato com um profissional “consumo diário excessivo, alteração de comportamento relacionada à bebida, incapacidade de reduzir o consumo, pôr de lado interesses importantes por causa do álcool”, destacou a médica.

Vânia Castro
Comunicação e Marketing


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