Moradores da cidade de Remanso, norte da Bahia, lutam para ter acesso a água após o serviço dos carros-pipa ser suspenso pelo Exército. Os moradores tem sobrevivido com a solidariedade dos vizinhos para cuidar da higiene, saúde e bem-estar.
Em um sítio que fica na zona rural do município, o agricultor Gabriel abastece a casa com a água que vem de uma cisterna, mas ela está quase vazia.
"Sem água. Tão pouca que só dar para dois dias", disse. Na cozinha, a esposa do agricultor tenta economizar o pouco de água que ainda tem para beber e fazer as atividades domésticas.
"Para tomar banho pouquinho, para lavar louça é um pouquinho de água mesmo. Não dar para fazer quase nada", contou a dona de casa, Denilza da Silva.
O abastecimento de água em muitas comunidades da zona rural de Remanso é feito através da operação carro-pipa., ação do Governo Federal, coordenada pelo Exército há mais de 20 anos. A iniciativa que tem amenizado as dificuldades de quem vive no campo e enfrenta a seca na região do semiárido baiano.
A maioria das cisternas da comunidade recebem 8 mil litros de água a cada três meses. A quantidade, segundo os moradores, nem sempre é suficiente para as necessidades das pessoas que vivem na zona rural de Remanso.
A situação ficou ainda mais difícil porque eles não estão recebendo a água que vem de carro-pipa. A apontadora Irene dos Passos, responsável por fazer a distribuição da água do carro-pipa entre os vizinhos quando as carradas chegam, conta que muitas pessoas pagam em media R$ 110 por carrada para ter água, mas nem todo mundo tem condições de comprar.
"Se já era complicado, vai ficar complicado muito mais ainda, porque como é que vão fazer para todo mês comprar uma carrada de água? Não tem condições", questionou a apontadora.
Em Remanso são 75 pipeiros, atualmente 37 deles prestam serviço ao Exército levando água para mais de 300 comunidades rurais do município, mas desde o início de março eles estão parados. Segundo os pipeiros, o órgão suspendeu as atividades alegando falta de recursos para pagar os trabalhadores.
Além de não poderem mais trabalhar, os pipeiros reclamam de salários atrasados desde dezembro de 2020. O recibo chegou a ser emitido pelo exercito, mas o dinheiro não foi repassado. "Com essa paralisação, nós pipeiros estamos sofrendo, somos pais de famílias e dependemos desse dinheiro para nosso sustento", relatou o pipeiro Wilson dos Santos.
Com a operação carro-pipa suspensa, os moradores da zona rural de Remanso temem continuar sem água nas casas. Vanilda, que vive com o auxílio do programa Bolsa Família e recebe pouco mais de R$ 400 para sustentar os filhos, afirma que a água que ainda tem recebeu de doação.
A TV Bahia entrou em contato com o Exército Brasileiro e o Ministério de Desenvolvimento Regional, responsável direto pela operação carro-pipa.
O ministério disse que, desde o dia 1° de março deste ano, a operação está parada por causa do projeto de lei orçamentária ainda não ter sido aprovado no Congresso Nacional e que estão buscando alternativas para evitar prejuízos à população das comunidades assistidas pelo programa.
G1 Bahia Foto Reprodução TV Bahia