Livros embarcados

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Há algum tempo vi uma notícia sobre um barco antigo, construído em 1920 para o transporte de carvão, que se transformou, no ano passado, em livraria, ou sebo. Ele leva um acervo de livros de segunda mão para serem vendidos a preços baixos por cidades da Europa.O barco-livraria, chamado de “Word on the Water” – A palavra sobre a água – oferece títulos da literatura clássica, livros sobre política, filosofia e para o público infantil.Depois de mais algumas informações sobre o barco, a matéria termina com a pergunta: Você conhece alguma iniciativa deste tipo pelo Brasil?

Muito a propósito a pergunta, pois eu conheçi, sim, uma iniciativa parecida. A Barca dos Livros- Porto de Leituras era uma biblioteca comunitária, mantida pela Sociedade Amantes da Leitura, com sede na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, que defendia a importância da leitura para o desenvolvimento comunitário e individual. Tinha a missão de facilitar o acesso ao livro e à leitura através do atendimento diário e gratuito à comunidade, promovendo a formação de leitores e de mediadores de leitura. Muitas atividades eram levadas a efeito para conseguir cumprir essa missão: passeios de barco com sessões de contação de histórias, visitas de escolas, saraus literários, encontros de autores e lançamentos de livros, exposições de artes, encontros de leitura, noites de prosa, canção e teatro, apresentação de cinema, teatro e música, cursos e oficinas literárias.

Era através da Barca dos Livros que os moradores do entorno da Lagoa da Conceição, tanto as crianças como os adultos, podem ter material para leitura e outras atividades culturais. Seria muito bom poder responder positivamente à pergunta da matéria e poder dizer que nós temos, sim, uma iniciativa parecida aqui na nossa comunidade. Mas a verdade é que nós tivemos. A Barca dos livros fechou em 2019, por falta de recursos e o acervo foi transferidos para outras entidades culturais do Estado. Funcionou desde 2003, mas não aguentou a falta de apoio. Se não tivesse encerrado em 2019, certamente teria fechado com a pandemia, mas foi uma grande perda. A cultura parece ter valor nenhum para os “políticos” de plantão.

O livre acesso à leitura é de suma importância, seja onde for e de todas as maneiras possíveis. Precisamos fazer chegar o livro até o leitor, precisamos colocar o livro na frente dos olhos do estudante dos primeiros anos do primeiro grau, leitores em formação, e aos leitores de qualquer idade.

 

       Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, editor e revisor – Cadeira 19 da Academia Sulbrasileira de Letras. Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, que completou 40 anos em 2020. Http://luizcarlosamorim.blogspot.com.br

 

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