Outra semana daquelas: continua faltando vacina contra a covid, em várias cidades pelo Brasil, apesar das notícias de entrega de milhares de doses ao Ministério da Saúde, constantemente, de diversas marcas. E os discursos de Bolsonaro, no domingo, em manisfestações a favor dele afrontaram a democracia e ameaçaram constituição: disse que não ia mais acatar ordens do Supremo, mandou “recados” ao STF com clara intenção de fechá-lo, cogitou até da extinsão dos outros poderes. Foi um tal de tentar apagar o fogo, mas a PGR e a Câmara não viram nada demais e não pensam nem querem ouvir falar em impeachment, apesar dos cento e tantos pedidos de ipedimento do presidente engavetados. E assim o presidente dá uma desculpa esfarrapada e fica tudo como está, à espera da próxima crise. Este é o Braisl. Políticos que não fazem o seu trabalho, só querem saber de vantagens e não sabem nem querem saber nada de política, da verdadeira política. Estão lá pelo poder e para ficarem ricos. À nossa custa.
Para fugirmos um pouco dessa situação de calamidade pública, de incompetência, de loucura e ignorância, graças a Deus temos meu neto Rio, meu neto português que mora em Lisboa. Falamos ele no domingo, como fazemos quase todos os dias, e e ele está felizão, como sempre, falando pelos cotovelos. Esteve no Alentejo, agora que estamos na época da vindima e ajudou a colher a uva, ajudou a selecionar e até a pisar, também. No final de semana foi ao concerto do Rua das Pretas no Festival Nossa Lisboa. Ficou encantado com tanta luz e tanta música. No sábado, falamos duas vezes com ele e ele contou muita novidade – agora quase só fala português – brincou, correu, riu e tocou musica para nós, cantou e mandou beijo. Rio é nosso anjo bom que veio para nos ajudar a superar a pandemia.
Num tempo em que deveria estar se preocupando com a pandemia, com vacinas, com desemprego, com crise hídrica, com a fome, o presidente Bolsonaro editou uma Medida Provisória que estabelece novas regras para uso e moderação de redes sociais e, especialmente, limita a remoção de conteúdos. A MP altera o Marco Civil da Internet, lei que funciona quase como uma Constituição para o uso da rede no Brasil. Na versão de Bolsonaro, é necessário haver uma "justa causa" nos casos de "cancelamento ou suspensão de funcionalidades de contas ou perfis mantidos pelos usuários de redes sociais". Tá bom. Tentando salvar a pele dele e do filho, pra variar.
Na terça, dia 7 de setembro, o presidente usou a data cívica para fazer comícios para os seus “apoiadores” e continuar a escalada de inconstituicionalidades e crimes contra a democracia. De novo não falou de covid 19, de vacinação, da fome que anda grassando pelo Brasil, do povo que não tem emprego, da economia que está arrasada, da inflação, nada. O presidente acirrou as tensões ao convocar os atos pró ele mesmo, com pauta antidemocrática, com ameaças aos ministros do Supremo e ao Congresso. Bolsonaro já havia dito que a manifestação pró-governo seria um "ultimato" a duas pessoas que estão "usando da força do poder" contra ele. Um verdadeiro assalto à democracia e à Constituição.
Na quarta, vimos que o Brasil sobreviveu, apesar do presidente, ao 7 de setembro: bolsonaristas inflamados e convocados pelo presidente foram às ruas com uma pauta antidemocrática. O presidente aproveitou para rasgar a constituição e enterrar a democracia, verdadeira tentativa de golpe. Manteve o tom golpista em discurso na Avenida Paulista. Antes, pela manhã, já havia sido ofensivo em Brasília. Ele atacou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o sistema eleitoral brasileiro, outros integrantes do STF, governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate ao coronavírus. Juristas enxergaram no discurso do presidente crime de responsabilidade. O STF informou que seu presidente, o ministro Cogitou-se de começar a discutir o impeachment de Bolsonaro. Mas só ficou na cogitação.
E a pandemia continua, e o pandemónio na “política” e na derrocada da democracia também. Luís Roberto Barroso rebate declarações feitas pelo presidente no 7 de setembro. Dois dias após seus discursos golpista no 7 de Setembro, Bolsonaro recuou das ameaças ao Supremo Tribunal Federal e disse que agiu "no calor do momento". Aconselhado por Temer, Bolsonaro recuou de ameaças ao STF e divulgou "Declaração à Nação". Tá bom. Me engana que eu gosto. Na carta, ele afirma que nunca teve "intenção de agredir quaisquer dos poderes". Na verdade, ele chegou intimidar o presidente da Corte, Luiz Fux: "Ou o chefe desse poder enquadra o seu [ministro Alexandre de Moraes] ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos". Em São Paulo, declarou que não mais cumpriria decisões de Moraes - essa desobediência, caso ocorresse, configuraria crime de responsabilidade. Na verdade, quem escreveu a carta foi Temer, a quem Bolsonaro pediu socorro. Bolso só assinou.
No final de semana, a aplicação da 2ª dose da vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19 foi suspensa em diversas cidades no Brasil devido à falta do imunizante. A vacinação está suspensa em vários estados brasileiros. Motivo: atraso na entrega do Ingrediente Farmacêutico Ativo, componente utilizado para produzir a vacina, à Fiocruz. E assim, de atrasos na chegada do Ifa e atrasos na diminuição das doses pelo ministério da Saúde, a vacinação vai parando e se arrastando, os hospitais continuam enchendo e as pessoas morendo. Nas última semana, tivemos dia com mais de setecentos mortos no Brasil.
E a vida tem que seguir. Vai seguir se nos cuidarmos, pois a Delta está aí.
Por Luiz Carlos Amorim – Escritor, jornalista, editor e revisor, Cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 41 anos de literatura,. Http://www.prosapoesiaecia.xpg.uol.com.br