A medida decretada nessa sexta-feira (22) tem a intenção de aumentar o isolamento social mas é um golpe forte no caixa dos empresários. A opinião é compartilhada pela Estatística e Consultora empresarial Caroena Alves e pelo Contador e Auditor, Radamés Oliver, que ressaltam que empresas do comércio varejista, como supermercados, por exemplo, correspondem a mais de 85% do comércio brasileiro.
Radamés chama a atenção para o fato de que o decreto não restringe o funcionamento das atividades consideradas como comércio essencial: farmácias, mercados e padarias, mas que para estes funcionarem se faz necessário pagar um valor indenizatório a cada dia trabalhado. “Para os que estão autorizados a funcionar o desafio é desembolsar a despesa adicional de horas pagas em feriados, que custam o dobro do comum, o que encarecerá sua folha de pagamento em 25%. A MP927/2020 trás a possibilidade da criação de banco de horas conforme acerto entre empregador e empregado, no entanto essa repentina notícia pega todos de surpresa e vai ser preciso muito jogo de cintura para o empresário negociar com os seus funcionários”, ressalta.
Para a estatística e consultora empresarial, Caroena Alves, existem dois pontos a serem considerados: O comportamento do consumidor e o custo de abertura da empresa. Ela alerta que se as pessoas estarão em casa por vários dias seguidos, a tendência é de aumento do consumo de alimentos, lanches e refeições especiais e também do consumo de itens de entretenimento, como filmes online e bebidas alcoólicas.
“Se por um lado, aumenta o consumo de serviços delivery e de pessoas nos supermercados, por outro aumenta a conta dos valores trabalhistas a serem pagos. Os empresários devem avaliar a questão, realizando uma estimativa de vendas e do efetivo necessário para garantir o bom atendimento, com base nesta análise ele decide se abrirá ou não”, explica Caroena.
Tanto Caroena quanto Radamés concordam que a conta fica ainda mais pesada para os micros e pequenos empresários. “Infelizmente nem todas as empresas terão como efetuar os pagamentos devidos e ainda assim abrirão. Isso termina sendo um incentivo à informalidade”, reforça a Estatística. Já Radamés complementa: “Mesmo os que violam as ordens de não-funcionamento necessitam de um cenário de circulação. Essa semana pode ser a fila da morte para as empresas, embora seja a tentativa de quebra da curva de contágio da covid-19, pode se tornar a quebra dos últimos empresários que ainda resistem”.
As fontes estão disponíveis para entrevistas
Caroena Alves
Estatística e Consultora Empresarial, sócia da Pollis Estratégia, que atua há mais de 10 anos com monitoramento da experiência do cliente, pesquisas e consultorias em gestão para empresas públicas e privadas. Caroena também é palestrante e integra como Conselheira e Vice-presidente o Conselho Regional de Estatística da 5ª Região.
Radamés Oliver
Contador e Auditor-Fiscal, especialista em Assessoria contábil e em Contabilidade Aplicada à Cooperativas. Também é membro da Comissão de Estudos aplicados à Micro e Pequenas Empresas do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia (CRC-BA), onde ocupa o cargo de Conselheiro
Assessoria:
Planner, Relações Públicas e Jornalista.