Há mais de vinte anos, ateliê cria bonecas para todas as crianças

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Em um cenário em que apenas 7% das bonecas vendidas no país é negra, a Preta Pretinha se destaca pelo cuidado com a diversidade e a valorização das raízes das crianças brasileiras.

Bonecas negras, indígenas, hindus, muçulmanas, bonecas com síndrome de down, cadeirantes, portadoras de deficiência visual, entre tantas outras, fazem parte dos brinquedos confeccionados pela Preta Pretinha. A loja, criada pelas irmãs Joyce, Lúcia e Maria Cristina Venâncio, atua há mais de 20 anos no mercado e destaca-se pela presença de brinquedos que respeitam e valorizam as diferenças.

Apesar dos esforços de empreendedoras como as irmãs Venâncio, o mercado brasileiro de brinquedos ainda carece de diversidade. O levantamento bianual realizado pela campanha #CadeNossaBoneca?, promovida pelo Instituto Avante, mostrou que apenas 7% das bonecas disponíveis no mercado online brasileiro são negras. O levantamento foi feito em agosto de 2020, a partir da análise de sites de e-commerce vinculados à Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos). Este foi um dos principais disparadores que levaram as irmãs a abrir a loja, há mais vinte anos. 

A Preta Pretinha tem sua origem na memória familiar das irmãs, que ainda meninas tinham como referência as bonecas confeccionadas por sua avó, Maria Francisca. “Nós queríamos uma boneca negra para brincar, para levar à escola, aos passeios. Mas infelizmente quando encontrávamos bonecas negras nas lojas eram estereotipadas,  não se pareciam com a gente. Foi quando minha avó viu a necessidade de fazer as bonecas, e foi um sucesso na família. Nessa época já nascia a ideia de ter uma loja de bonecas negras”  conta Joyce Venâncio, diretora da Preta Pretinha. 

Foi após a saída de um emprego, que Joyce convidou suas irmãs para iniciar o empreendimento e resgatar a história iniciada pela avó. O ateliê Preta Pretinha começou a confeccionar e vender bonecas de pano em um espaço de 15m², ao lado de onde funciona a loja hoje. A partir do segundo ano de funcionamento, o crescimento da marca fez com que Lúcia e Cristina deixassem seus respectivos empregos para se dedicarem exclusivamente à loja. Além das bonecas negras, a Preta Pretinha abraçou a diversidade e tem bonecas dos mais variados tons de pele, cabelo e características. O objetivo é respeitar ao máximo as diferenças que fazem das crianças únicas, reitera Joyce. 

Pioneiras no afroempreendedorismo, as irmãs viram a loja se transformar e, a partir do ano de 2009, o empreendimento adquiriu seu braço social,  o Instituto Preta Pretinha, que promove oficinas de capacitação para mulheres em situação de vulnerabilidade social, além de palestras, exposições e eventos que promovam a diversidade. O ateliê também foi reconhecido internacionalmente, recebendo prêmios como o da Reatech (Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade). 

Esse dado veio do levantamento bianluan #Cadênossaboneca?, realizado no último ano pelo Instituto Avante. Na contramão desse movimento está a Preta Pretinha Bonecas, um empreendimento de mulheres negras que busca levar o encantamento de um brincar inclusivo através das bonecas.

Serviço: pretapretinha.com.br/

@pretapretinhaofficial/

facebook.com/pretapretinhaboneca

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Por Catarina Ferreira


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