Atitudes de prevenção precisam ser priorizadas no combate ao câncer

Drª Renata Cangussu oncologista do Grupo Mulheres na Oncologia

10 tipos de tumor mais frequentes foram responsáveis por mais de 70% das mortes pela doença em 2020

Na próxima quinta-feira (4), o Dia Mundial do Câncer vai alertar a população acerca da  necessidade diária de ações anticâncer, tanto por parte da população, como das autoridades governamentais e instituições de saúde. O cenário de pandemia de covid-19 representou um enorme retrocesso na prevenção, no diagnóstico precoce e nos tratamentos de câncer em curso, fato que já começou a repercutir no diagnóstico tardio e que tende a se manifestar através do aumento da mortalidade pela doença no futuro. A prevenção continua sendo a melhor arma no combate ao câncer.

Não fumar e combater o tabagismo; evitar bebidas alcoólicas; manter uma alimentação saudável, com alimentos ricos em fibras naturais, carnes brancas, cereais, frutas e legumes; reduzir o consumo de carnes vermelhas ou processadas; manter o peso adequado; vacinar-se contra HPV e Hepatite B; manter a prática regular de atividades físicas; fazer a profilaxia contra agentes infecciosos como vírus e bactérias; proteger-se contra os raios solares e manter as consultas e exames de rotina em dia são algumas das atitudes que podem fazer a diferença na prevenção e no combate contra o câncer. “Hábitos saudáveis são a chave para a longevidade com qualidade de vida. Precisamos adotá-los urgentemente”, recomendou a oncologista presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Regional Bahia (SBOC-BA) e integrante do Grupo “Mulheres na Oncologia”, Renata Cangussu.

Números - Os 10 tipos de câncer mais comuns em 2020 foram responsáveis por mais de 60% dos casos de câncer recém-diagnosticados e mais de 70% das mortes pela doença. O câncer de mama feminino é o tipo mais comum em todo o mundo (11,7% do total de casos novos), seguido por câncer de pulmão (11,4%), câncer colorretal (10,0%), câncer de próstata (7,3%) e câncer de estômago (5,6%). Com medidas preventivas simples, é possível evitar ou reduzir as chances de surgimento desses tumores, até mesmo nas pessoas que apresentam predisposição hereditária.

Diversos estudos apontam que a mortalidade por câncer nos próximos meses e anos deve aumentar consideravelmente devido às mudanças de rotinas das pessoas e dos serviços de saúde ocasionadas pela pandemia. Dados da Globocan 2020 estimam que a carga global de câncer tenha aumentado para 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de mortes em 2020. Quando projetadas para 2040, as estimativas sobem para cerca de 30 milhões de casos, um aumento de 47% em relação ao observado em 2020. “O impacto negativo da pandemia nos números mundiais relacionados à incidência e mortalidade por câncer ficará muito mais perceptível ainda no futuro, infelizmente”, declarou Renata Cangussu.

Segundo o Globocan 2020, os países classificados como de baixo ou médio Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) terão os maiores aumentos de incidência de câncer até 2040, com 95% e 64% de acréscimo, respectivamente, a partir de 2020. O maior impacto proporcional é esperado na África, com mais 89,1% de novos casos, seguido da América Latina, com mais 65,6%, e Ásia, com mais 59,2%. A maior incidência nesses países reflete a mudança de hábitos de vida, com tendência à adoção de costumes comuns atualmente em países com IDH alto e muito alto: tabagismo, dieta não saudável, excesso de peso corporal e sedentarismo. “No Brasil, como nos demais países, o que podemos fazer para minimizar as consequências da pandemia é reforçar as medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento precoce do câncer”, frisou a oncologista.

Câncer de pulmão - Em termos de mortalidade, embora tenha havido redução em alguns países como os Estados Unidos, o câncer de pulmão continua na frente, com 18% do total de mortes por câncer, seguido por câncer colorretal (9,4%), câncer de fígado (8,3%), câncer de estômago (7,7%) e câncer de mama feminino (6,9%). A redução da mortalidade por câncer de pulmão deve-se, sobretudo, a ações de combate ao tabagismo realizadas em várias partes do mundo e aos avanços nos tratamentos.

Câncer de mama -  Com 2,3 milhões de novos casos, um em cada oito cânceres em 2020 foi de mama. A doença está à frente, inclusive, do câncer de pulmão, em número de diagnósticos, e configura-se como a quinta causa de mortalidade por câncer, com 685 mil óbitos em 2020. Nas mulheres, a doença é responsável por um em cada quatro casos de câncer e um em cada seis mortes por câncer. Para esse tipo de tumor, além da prática atividade física, manutenção do peso corporal adequado, adoção de uma alimentação saudável e redução do consumo de bebidas alcoólicas, a amamentação também é um fator protetor.

Outros tumores - Em incidência, após o câncer de pulmão, nos homens aparecem o câncer de próstata e o colorretal. Já para a mortalidade, o câncer de fígado e o colorretal ocupam as posições seguintes. Entre as mulheres, o câncer de mama é o tipo mais frequente e a principal causa de morte por câncer, seguido por câncer colorretal e câncer de pulmão para incidência. No quesito mortalidade, estão o câncer de pulmão e o câncer colorretal.

“As pessoas precisam entender que a prevenção possível deve ser feita no dia a dia. Atualmente, uma em cada cinco pessoas em todo o mundo desenvolve câncer durante sua vida; um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres morrem da doença. Cabe não só às autoridades o desenvolvimento de ações conjuntas para mudar esse cenário, mas também a cada pessoa a adoção de hábitos saudáveis de vida”, finalizou a oncologista clínica Renata Cangussu.

 

Assessoria de Imprensa:

Cinthya Brandão


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