Um dos assuntos mais comentados no país é a CPI da Pandemia, que tem como presidente o senador amazonense Omar Aziz (PSD – AM), que já foi governador do estado entre 2010 e 2014. O que nem todos sabem é que a família do senador tem histórico negativo com a Polícia Federal.
Em julho de 2019, a esposa do senador, Nejmi Aziz, e três irmãos de Omar Aziz foram presos temporariamente, alvos da operação Vertex, um dos braços da operação Maus Caminhos, que investigava a prática de crimes de corrupção passiva, lavagem de capitais e organização criminosa.
É estranho que quem julgará se houve ou não irregularidades com as ações do governo federal durante a pandemia tenha histórico de corrupção tão próximo de si. Somente esse caso deveria ser suficiente para excluir o senador Omar Aziz da lista de líderes da CPI. Mesmo que não existam acusações diretamente contra ele, o bom senso manda ter precaução, especialmente em um tema tão sensível.
Mas não é só o presidente que possui um passado. O relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem uma longa lista de processos e agora parece que quer vingança. E ainda tem o seu filho, atual governador do estado de Alagoas, que pode ser um alvo secundário da comissão graças a um contrato de R$ 48 milhões firmados em um consócio para compra de respiradores. O pagamento foi feito, mas os respiradores não chegaram.
Em momentos como esse, definitivamente o Brasil não parece um país sério. Historicamente, a corrupção é uma espécie de instituição na política brasileira. Não há um dia no país sem que a população seja impactada com desvio de recursos e acusações.
E ainda querem acabar com a Operação Lava-Jato! Um de nossos únicos recursos no combate à corrupção. Como ficará o país?
Seria cômico se não fosse trágico. Não dá mais para mudar a presidência da CPI, mas a população precisa saber que quem lidera a comissão tem esposa e irmãos suspeitos de crime de corrupção passiva, lavagem de recursos e organização criminosa.
Autor: Antonio Tuccilio, presidente da Confederação Nacional dos Servidores Públicos (CNSP)
Por Ana Lívia Lopes