A Prefeitura de Juazeiro promoveu nesta terça-feira (30), na Câmara Municipal, uma audiência pública em que foi apresentada a proposta de implantação na cidade de uma usina de gaseificação de resíduos sólidos urbanos (RSU), como alternativa para o aterro controlado e destinação adequada do lixo produzido no município.
Estiveram presentes o engenheiro civil e sócio da Bauer Engenharia, empresa que elaborou o projeto, Everton Bauer; o secretário de Desenvolvimento Econômico, Carlos Neiva; o secretário de Meio Ambiente, Rubens Torres, os vereadores Renato Brandão e Gleidson Azevedo; além de representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaurb), do Sistema de Água e saneamento Ambiental (SAAE), da Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Juazeiro (Cooperfitz) e assessores especiais de gestão da prefeitura.
O projeto da usina de gaseificação de resíduos sólidos urbanos foi elaborado pela Bauer Engenharia em parceria com a DFG Construções e apresentado ao governo municipal, e caso venha a ser efetivado, funcionaria através de uma parceria público-privada (PPP) e operaria por concessão por um período de trinta anos. A proposta do projeto é dar tratamento e uma destinação mais adequada aos resíduos sólidos e gerar energia elétrica a partir da combustão de material orgânico.
“Juazeiro destina hoje aproximadamente 230 toneladas diárias de lixo para um aterro controlado, mas percebemos nesse aterro uma degradação ambiental, com presença de chorume que pode contaminar o lençol freático, presença de ratos e insetos que podem prejudicar a saúde pública através da disseminação de doenças, e o gás metano liberado pelo lixo também contribui para o efeito estufa. O projeto que estamos apresentando para a Prefeitura trata-se de uma usina de gaseificação com recuperação energética, que desde a recepção do resíduo proporciona uma melhor reciclagem e separação do material orgânico restante. Após essa etapa, o material orgânico passa por uma gaseificação, combustão para na sequência acionar uma caldeira que gera o vapor que se transforma em energia elétrica. Então essa proposta preserva totalmente o meio ambiente e está de acordo com o plano nacional de resíduos sólidos e com o marco regulatório do saneamento básico”, explicou Everton Bauer.
Após a apresentação do projeto, a plateia fez questionamentos e opinou a respeito de alguns pontos que precisam ser mais discutidos, como a implementação da coleta seletiva. Uma nova audiência pública deverá acontecer em breve.
“Nós precisamos estudar bem a maneira como estão pretendendo implantar essa usina de resíduos sólidos aqui. Então tem que ser mais discutida dentro da Câmara de Vereadores, com a população, com os catadores de material reciclável, com todas as áreas de meio ambiente para a gente poder entender de que forma está sendo implantada essa usina e se pode causar impactos ambientais e socioeconômicos”, declarou o pres. da Cooperfitz, José Ivo dos Santos.
“Na gestão municipal nós temos excelentes técnicos que podem contribuir com o projeto que foi elaborado dando sugestões, inclusive para esse tipo de parceria seja boa, tanto para a sociedade como um todo, para o meio ambiente e também para que a prefeitura tenha nenhum ônus posteriormente”, completou a gerente de obras e projetos do SAAE, Vanda Rosado.
Aterro
Atualmente, Juazeiro possui um aterro controlado, que recebe os resíduos sólidos e orgânicos gerados pelo município. Mas de acordo com os órgãos ambientais, o local já está com sua capacidade quase saturada devido ao crescimento populacional e à geração diária de lixo. A ideia para implantar uma usina de gaseificação de resíduos sólidos urbanos seria uma alternativa para dar uma destinação mais adequada à problemática do lixo no meio ambiente.
“O tratamento e destinação dos resíduos sólidos é uma problemática enfrentada por todos os municípios brasileiros, e em Juazeiro não é diferente. Por isso, é de suma importância esse debate. O que verificamos durante a audiência pública é um esboço do projeto que foi apresentado, precisa ainda ser discutido mais um pouco, ver as medidas mitigatórias, estudar os locais onde a usina poderá vir a ser implantada. Mas de qualquer forma, qualquer processo que transforme os resíduos em alguma coisa importante, que gere renda ou que diminua os impactos para o meio ambiente é sempre bem-vindo”, destacou o diretor de Meio Ambiente da Semaurb, Alexandre Batista Lima.
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Texto: Edísia Santos