‘A saída de Marcelo Nilo do grupo liderado pelo governador Rui Costa seria um prejuízo’

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Foto: Reprodução/Facebook/Arquivo

A deputada federal Alice Portugal (PCdoB) avalia que Marcelo Nilo (PSB), seu colega de Câmara, não combina com “a prática elitista do carlismo”. O ex-presidente da Assembleia Legislativa da Bahia tem dado todos os indícios possíveis de que estaria migrando para o time do ex-prefeito ACM Neto (DEM) na disputa pelo governo do Estado.

“Marcelo Nilo foi meu companheiro na oposição, que pavimentou a derrota de ACM em vida. Teve relevante contribuição nesse enfrentamento ao sistema carlista, que infelicitou a Bahia por mais de 40 anos e que agora tenta retomar a presença na cena estadual”, ataca Portugal.

Para ela, a provável saída de Nilo do seu grupo político, liderado pelo governador Rui Costa (PT), “seria um prejuízo”. “Espero que o impasse seja resolvido”, torce. Publicamente, porém, Rui não tem demonstrado muito interesse em manter o quadro, sugerindo que Nilo pode seguir seu caminho.

Nesta entrevista exclusiva, a parlamentar diz ver com bons olhos a discussão sobre federação entre o seu partido com o PT, PSB e o PV. “Lutei para o convencimento do plenário da Câmara e do Senado para que aprovássemos essa nova ferramenta da democracia”, afirma.

Confira a entrevista na íntegra:

Política Livre: Como a senhora vê essa discussão sobre federação entre PT, PSB, PCdoB e PV? Seria vantagem para o partido da senhora?

Alice Portugal: Lutei para o convencimento do plenário da Câmara e do Senado para que aprovássemos essa nova ferramenta da democracia. Através das federações, legendas compatíveis programaticamente estarão abrigadas sob uma só bandeira, durante quatro anos, em todo o território nacional. Sem abrir mão de suas identidades históricas, haverá uma simplificação do processo político. Para um partido como o PCdoB, que completará 100 anos em março, estar federado será muito importante. Encararemos a cláusula de barreira e nos manteremos vivos no cenário institucional.

Iniciamos o mês de fevereiro e há uma indefinição na chapa do pré-candidato Jaques Wagner ao governo. O PP está querendo a cabeça da chapa, o PSD também exige a indicação de Otto Alencar ao Senado. Como a senhora avalia essa situação de indefinição?

As conversas estão em andamento. Penso que o fundamental é manter essa coalizão, que é ampla, plural, e tem dado resultados enormemente positivos para a Bahia. Acredito que em breve tempo a montagem da chapa esteja finalizada.

A esquerda baiana se sente representada pela repetição de candidatura de Jaques Wagner ao governo?

Sim. Jacques Wagner , além de ter mostrado seu poder agregador e capacidade de gestão, se consolidou como uma das mais influentes lideranças políticas desse país. Com a reintrodução do ex-presidente Lula no cenário eleitoral, liderando as pesquisas, o nome de Wagner cabe como uma luva, tamanha a identidade entre ambos. A Bahia sairá ganhando. Só o pré-anúncio já fez estagnar a candidatura adversária, que comenta-se que poderá ser retirada.

Ainda nessa discussão, o PCdoB se contenta com um papel “coadjuvante” na formação da majoritária?

A política é a arte de convencer, de persuadir para transformar. Não é só matemática; é ciência e arte. Com essa concepção, temos estado no protagonismo de ideias, como a frente ampla para isolar e derrotar Bolsonaro. O presidente Lula já busca setores do centro democrático com esse intuito, por nós sugerido. Estamos no protagonismo na criação das federações partidárias. Portanto, conscientes do nosso tamanho, protagonizamos ideias e lutas sociais, e pretendemos reeleger os deputados federais da Bahia e chegarmos a, pelo menos, 11 federais, retomando o crescimento do partido mais antigo em exercício político no país.

A senhora foi contemporânea na época em que o deputado Marcelo Nilo era opositor ferrenho de ACM. O que acha da saída de Nilo da base governista para o time do ex-prefeito de Salvador?

Marcelo Nilo foi meu companheiro na oposição, que pavimentou a derrota de ACM, em vida. Teve relevante contribuição nesse enfrentamento ao sistema carlista, que infelicitou a Bahia por mais de 40 anos e que agora tenta retomar a presença na cena estadual. A prática elitista do carlismo não combina com a biografia de Marcelo Nilo. Ele não concordaria com a escorcha do IPTU e maus tratos aos professores de Salvador, que a gestão ACM Neto-Bruno Reis pratica hoje. Espero que o diálogo com Marcelo possa ser retomado e não percamos esse grande quadro da política baiana.

A saída de Nilo não abre uma fissura no casco do barco governista?

Seria um prejuízo. Espero que o impasse seja resolvido.

Política Livre:/Mateus Soares

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