As grandes centrais sindicais se reuniram neste final de semana para elevar a pressão pela cassação do mandato do deputado estadual Arthur do Val (Podemos), depois do vazamento dos áudios em que ele afirma que as mulheres ucranianas vítimas da guerra são “fáceis porque são pobres”.
CUT, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CSB (Central de Sindicatos do Brasil) e outras centrais afirmam que o verdadeiro objetivo da viagem de Arthur do Val à fronteira do país invadido pela Rússia nada tem a ver com política ou ação humanitária. Para os sindicalistas, trata-se de uma personalidade racista e misógina, que não tem preparo para o cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Conhecido como Mamãe Falei, o deputado embarcou na semana passada dizendo que o objetivo era conversar com a população ucraniana. A expedição tinha um contexto político de oposição ao posicionamento de Bolsonaro no conflito.
“Ele, que em 2019, chamou sindicalistas que estavam na galeria da Alesp de ‘bando de vagabundo’! Com que moral o Mamãe Falei fala dos trabalhadores e suas entidades?”, diz o grupo de centrais sindicais em comunicado conjunto.
Eles se referem ao episódio da briga no plenário com deputados do PT porque Mamãe Falei chamou sindicalistas de vagabundos na discussão da reforma da Previdência de São Paulo na época.
“No mês de março, quando comemoramos a luta pelos direitos das mulheres à igualdade, equidade, respeito, dignidade e justiça, um deputado brasileiro nos envergonha internacionalmente”, diz o texto.
“As declarações do deputado são repugnantes. Tudo se torna absolutamente mais deplorável quando os alvos são mulheres em total vulnerabilidade em uma zona de guerra. É impressionante como esses moralistas se comportam no privado, seja Moro fraudando uma investigação, Kim Kataguiri com sua estupidez ou, agora, com Arthur e sua misoginia”, diz Antonio Neto, presidente da CSB.
Há outros movimentos a favor da cassação, como o da Representação Central Ucraniana-Brasileira. A deputada Isa Penna (PSOL-SP) tem tomado a frente das iniciativas na Alesp.
Após a repercussão negativa do caso, neste sábado (5), o deputado estadual retirou a sua candidatura ao Governo de São Paulo pelo Podemos e pediu desculpas dizendo que foi “um erro num momento de empolgação”.
Folha de S. Paulo