Não se falava outra coisa no Brasil no ano da graça de 1962

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Não se falava outra coisa no Brasil no longínquo ano da graça de 1962: a Seleção Brasileira seria bicampeã mundial no Chile.

A euforia era grande e o clima de vitória estava presente em todos os lugares, nos lares e bares, restaurantes, nas feiras, nos colégios, universidades, nos estádios então nem se fala. Tudo convergia para o Brasil dominar o mundo pela segunda vez.

O sentimento geral era de que a dupla Pelé/Garrincha que já encantara o Brasil em 1958 voltaria a fazer bonito no Chile e nos igualaríamos ao Uruguai e Itália, detentores de dois títulos mundiais até aquele momento.

Meus amigos e minhas queridas damas, o Brasil iniciou a caminhada passando fácil pelo México com uma vitória de 2 a 0 e já tinha gente exibindo faixa de bicampeão. No entanto, o roteiro mudou. E no segundo jogo contra a Tchecoslováquia a madeira piou. Os tchecos desferiram pontapés pra todo lado.

Nesse jogo, Pelé sofreu uma contusão e colocou um ponto final na sua participação na Copa do Mundo de 1962. Pronto, a frustração, a tristeza mesmo tomou conta dos brasileiros. Era um clima de velório Brasil afora. “Perdemos a copa”, diziam uns, “quanta falta de sorte”, diziam outros, “seja qual for o substituto, não temos nenhuma chance”. “O que será do Brasil sem o Rei Pelé?” Os prognósticos eram os mais sombrios.

Pois foi num clima tenso desse descrito acima que Amarildo substituiu Pelé. Meus amigos e queridas companheiras, não havia uma só viva alma no Brasil que apostasse um vintém furado na figura de Amarildo. Não por ser Amarildo, craque de primeira linha, mas por ele ser o substituto de ninguém menos do que Pelé.

Da frustração à euforia foi uma questão de pouco tempo, Amarildo se encaixou no escrete Canarinho como uma luva. A seleção brasileira desenvolveu uma tática de trabalho em equipe formidável. Os líderes do elenco se agigantaram. Era como se cada jogador tivesse virado três. As dificuldades foram sendo dribladas a cada jogo. O Anjo das pernas tortas entortava os adversários, enquanto a seleção jogava em ritmo de samba, ao passo que Amarildo estufava as redes rivais.

A nação brasileira se empolgou como nunca, abraçou a seleção de 62 e foi o décimo segundo jogador. Logo, todo mundo percebeu que a única coisa mais forte do que o rei do futebol era a própria Seleção Brasileira. Amarildo se tornou vice-artilheiro da Copa do Mundo, sagrou-se o herói improvável daquela epopeia do futebol. Milhões de brasileiros explodiram o grito de bicampeão mundial. Provamos que somos brasileiros e não desistimos nunca! Quando este povo se une por um propósito, não tem quem segure. O triunfo é tão certo quando Amarildo na marca da cal.

Quem me contou esta história foi o senador Jaques Wagner.

Por Josias Gomes – Deputado Federal do PT/Bahia licenciado e atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).

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