Como aumento dos combustíveis afeta preço de outros produtos no dia a dia? Especialistas explicam

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Os constantes reajustes nos preços da gasolina e do diesel viraram rotina na vida do brasileiro. No Distrito Federal, até este sábado (26), o preço médio para a gasolina comum era de R$ 7,22 e de R$ 6,86 para o diesel, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A disparada no preço do barril de petróleo no mercado internacional pressiona os preços dos combustíveis no Brasil, já que a Petrobras adota uma política de preços que se orienta pelas flutuações internacionais. O impacto do aumento, potencializado pela guerra na Ucrânia, afeta diretamente o bolso do motorista.

No entanto, esse não é o único setor que precisa reajustar preços. Especialistas ouvidos pelo g1apontam que há um efeito dominó, que afeta todos os setores. O aumento generalizado ocorre porque o uso do combustível está presente em quase todas as etapas de produção, explica o economista Flauzino Antunes.

“Tem o transporte dos insumos, o combustível das máquinas usadas na produção, e o frete final. Toda a economia é baseada no petróleo, com o uso de caminhões, trens, navios”, diz o economista.

Segundo Antunes, a produção agrícola é o setor que mais utiliza combustível, portanto é fortemente impactado. “O preço da carne já estava elevado. Agora, o frango e o ovo, por exemplo, devem subir mais”, explica.

O frete para outros produtos chegarem ao consumidor final também eleva os gastos. Além disso, a indústria petroquímica é responsável pela produção de itens importantes como plástico, detergentes, fibras sintéticas e fertilizantes.

A situação se agrava diante do aumento da inflação e do grande número de desempregados no país, aponta o economista. Em fevereiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país, acelerou para 1,01%.

Já o desemprego atinge 12 milhões de brasileiros, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o último trimestre.

Guerra na Ucrânia

William Bagdhassarian, professor de Economia do Ibmec Brasília, aponta que a pressão sobre o preço nos combustíveis no mercado internacional já ocorria desde o ano passado e foi potencializada pela guerra na Ucrânia.

“A guerra por si só pode não afetar tanto o preço. A questão é a expectativa que se cria sobre o conflito, que pode acabar amanhã ou durar um ano”, explica o economista.

Dessa forma, investidores optam por mercados mais seguros, retirando dinheiro de diversos países e impactando diretamente a economia. Bagdhassarian aponta que a mesma expectativa quanto ao futuro impactará o Brasil neste ano por causa das eleições.

O economista Flauzino Antunes teme que os maiores efeitos do conflito ainda não tenham sido sentidos pelo consumidor.

“O impacto agora vai começar a ser maior porque o conflito ainda não terminou e ainda teremos as consequências disso: vão ficar mais caros o ovo, a carne, a cesta básica. Todos os preços desses itens vão subir nos próximos meses, principalmente, na virada de abril”, analisa o economista.

Para driblar o aumento dos preços, Flauzino recomenda pesquisar antes de comprar, cortar itens desnecessários e evitar parcelamentos e empréstimos.

Quantos aos alimentos, o economista indica apostar em produtos sazionais, que tendem a ter um preço menor devido ao aumento da oferta.

G1/Foto: Damian Dovarganes/AP

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