Berlim/Caatinga, 11 de junho de 2022. Cientistas e criadores de papagaios de todo o mundo trabalham para este dia há décadas: A Ararinha-azul , extinta da natureza há mais de 20 anos agora voa novamente em seu habitat natural no Brasil, um projeto único e simbólico para a conservação da vida selvagem. Há 10 anos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) criou o “Plano de Ação da Ararinha-azul” com o objetivo de aumentar a população em cativeiro do animal, restaurar seu habitat natural e assim, reintroduzi-los na natureza.
Para isso, toda a população legalizada das arararinhas-azuis foi reunida em um moderno criadouro de conservação de fauna da Association for the Conservation of Threatened Parrots (ACTP) em Berlim, na Alemanha.
Marcos Venancio, Diretor de Pesquisa, Avaliação e Montiiroamento da Biodiversidade do ICMBio explicou que “a população de ararinhas-azuis em cativeiro eram de somente 5% no território nacional e 89% mantidas na ACTP, na Alemanha. Portanto, tivemos um interesse mútuo em reunir esforços para repatriar as ararinhas e trazê-las de volta ao seu habitat natural no Brasil, resultando em um acordo de cooperação técnica entre o ICMBio e a ACTP em 2019’’, disse.
Com o apoio de vários parceiros, o Projeto de Soltura da Ararinha-azul evoluiu para um bem-sucedido programa de conservação da vida selvagem. Com um grupo ambicioso de trabalho, o que era praticamente impossível foi realizado: de uma pequena população de 55 ararinhas-azuis em 2000, o número aumento para 261 araras saudáveis. Em março de 2020, as ararinhas-azuis foram trazidas para um local construído pela ACTP e seus parceiros especialmente para o projeto, as Unidades de Conservação, próximas à cidade de Curaçá, na caatinga do Sertão Baiano. Há dois anos, o governo brasileiro declarou o local como área de proteção ambiental.
Desde então, algumas araras foram preparadas para serem soltas na natureza. Neste sábado (11), isso finalmente aconteceu: as primeiras oito ararinhas-azuis foram soltas do viveiro onde viviam para voarem pela primeira vez nos céus da Caatinga brasileira.
Mais 12 ararinhas-azuis serão soltas neste ano – um momento em que os habitantes da Caatinga anseiam com grande expectativa. Um sonho que virou realidade para o Dr. Cromwell Purchase, diretor da ACTP no Brasil. “Depois de anos dando tudo por este projeto, nós finalmente demos o pontapé inicial para que possamos ouvir o canto das ararinhas-azuis ecoando novamente na Caatinga”, declarou.
O termo de cooperação técnica internacional é, em longo prazo, uma excelente oportunidade para pessoas e animais. O Projeto de Soltura da Ararinha Azul promove o repovoamento das ararinhas e de inúmeros outros habitantes na área, além de representar somente uma parte de um programa da biodiversidade e da agricultura familiar das comunidades. Cerca de 7.500 crianças de escolas da localidade foram ensinadas sobre o projeto e orientadas para defenderam a vida selvagem e o ecoturismo. Diversas entidades de proteção e associações não governamentais também trabalharam com as comunidades. Os moradores de Curaçá estão motivados e preparados para a reintrodução das ararinhas na natureza. Eles não querem perder novamente as ararinhas e defendem o projeto com muito amor.
“Foi um caminho árduo para chegarmos até aqui e isso não seria possível se não fosse o excelente trabalho da ACTP e o apoio de todos os parceiros. Ver o quanto as pessoas do Brasil estão animadas com o retorno da sua arara-azul, sua gratidão e apreço pelo nosso trabalho é muito significativo pra mim”, declarou o diretor da ACTP Alemanha, Martin Guth.
Mais informações sobre a Ararinha-azul:
A ararinha-azul ficou reconhecida após aparecer no filme “Rio”. O animal foi descoberto há cerca de 200 anos pelo ambientalista alemão Johann Baptist von Spix. O habitat natural delas é a Caatinga baiana localizadas na cidade de Curaçá, norte da Bahia. Hoje, a ararinha-azul é uma das aves mais raras do mundo. Sua coloração azul fez com que ela se tornasse um alvo para o tráfico animal no passado. Aliada a destruição do habitat natural pelos homens, a população das ararinhas foi caindo drasticamente nas décadas de 80 e 90. Em 1990, somente um animal vivia na natureza. Dez anos depois, a espécie foi declarada oficialmente extinta pela International Union for Conservation of Nature (IUCN). Somente um pequeno número de aves sobreviviam em propriedades privadas e a reprodução destes animais parecia impossível, uma vez que as dificuldades de manter uma diversidade genética neste pequeno grupo era enorme.
Mais informações: spixs-macaw.org
Sobre a ACTP
A Association for the Conservation of Threatened Parrots e.V. (ACTP) é uma associação não-govvernamental. Foi fundada em 2006 em Berlim e se dedica à preservação e proteção de populações de papagaios em perigo em seus habitats. Em 2008, a associação recebeu a primeira ararinha-azul em Berlim.
Sobre a ICMBio: Instituto responsável por programas de conservação da Biodiversidade no Brasil e coordena o Plano de Ação da Arara-Azul.
Contatos:
ACTP: press@act-parrots.eu
ICMBIO: comunicacao@icmbio.gov.br
Video material: https://vimeo.com/act
Foto da ararinha-azul: Tim Flat
Fotos da coletiva de imprensa: Adriel Duarte
Vídeo do momento da soltura no link abaixo: ACTP
Denise SaturninoJornalista DRT 6377/PE/Fotos/Tim Flat