O ex-ministro da Educação Fernando Haddad, pré-candidato a governador de São Paulo, disse nesta quarta-feira (22) que o Ministério da Educação “virou caso de polícia”, ao comentar o escândalo de corrupção que levou à prisão do ex-ministro Milton Ribeiro e de pastores ligados a Jair Bolsonaro.
“Lamento muito pelo que se transformou o Ministério da Educação. No nosso tempo era bem diferente. Criamos políticas públicas que transformaram a vida do povo como o ProUni, FIES sem fiador, SiSU, Caminho da Escola, Ciência sem Fronteiras e tantas outras”, disse Haddad.
“Hoje, o MEC virou caso de polícia e o centro de um dos maiores escândalos do governo Bolsonaro. É urgente uma mudança de rumos. O futuro de milhões de brasileiros depende disso”, completou o ministro da Educação nos governos Lula.
A operação Acesso Pago, da Polícia Federal, faz parte do inquérito que investiga o esquema de “tráfico de influência e corrupção para a liberação de recursos públicos” do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) às prefeituras, mediado por pastores. Milton Ribeiro é investigado por suspeita de corrupção passiva; prevaricação; advocacia administrativa e tráfico de influência.
A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro na manhã de hoje (22) expõe mais um episódio de corrupção dentro do governo Bolsonaro, desta vez com desdobramentos. Desse modo, a operação da Polícia Federal reacendeu a disputa por assinaturas de senadores para a instalação da CPI do MEC proposta em março. Autor de um requerimento para apurar denúncias de irregularidades no ministério, que levou à prisão de Ribeiro, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) voltou a trabalhar para reunir a última assinaturas que falta para a criação da comissão. São necessárias 27.
Pelo Twitter, Randolfe anunciou a adesão do senador Eduardo Braga (MDB-AM). “O Senador @EduardoBraga_AM acaba de assinar o requerimento de abertura da #CPIdoMEC. Agora falta apenas UMA assinatura para que a CPI seja aberta!”, afirmou Randolfe.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) também pediu a abertura das investigações. “Bolsonaro foi à ONU mentir sobre corrupção, provada na AstraZeneca e Covaxin pela CPI. Barras de ouro do MEC e a prisão do ex-ministro o mostram a heresia com a sacristia pública. ‘foi um pedido especial do Presidente’, disse Milton Ribeiro. CPI já”, disse Renan.
O presidente da Comissão de Educação, senador Marcelo Castro (MDB-PI), se comprometeu a assinar. Outros nomes comprometidos, como Flávio Arns (Podemos-PR) e Otto Alencar (PSD-BA), ainda não assinaram.
“É compreensível agora porque o governo Bolsonaro se esforçou tanto para retirar assinaturas da CPI do MEC. Ainda em abril, nós precisávamos apenas de mais DUAS. Agora sabemos a razão! O Bolsolão do MEC já é o maior escândalo de corrupção da história!’, escreveu Randolfe
Bolsonaro, “cara no fogo” por Milton Ribeiro
O senador reforçou a sensibilização aos senadores. “Aos interessados quero lembrar que faltam apenas duas assinaturas para pedirmos a CPI do MEC. Por tudo que conseguimos apurar através da Comissão de Educação do Senado, o #BolsolaodoMEC é ainda maior do que parece. Tem que prender quem manda também!’, escreveu Randolfe em sua conta no Twitter.
Em outra postagem, Randolfe lembrou live do presidente Jair Bolsonaro (PL), que afirma não haver corrupção em seu governo, dizer que colocaria a “cara no fogo” por Milton Ribeiro.
Na operação da PF foi preso também além de Milton, o pastor Gilmar Santos. Outro ligado ao esquema, Arilton Moura, tem ordem de prisão. Ambos são ligados ao presidente Bolsonaro e apontados como lobistas que atuavam no MEC.
As denúncias vieram à tona em março, em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Um “gabinete paralelo” formado pelos pastores, que mesmo sem um vínculo formal com o MEC, controlavam a agenda da pasta e do então ministro Milton Ribeiro. Ambos viajavam em voos da FAB, intermediavam acordos com prefeituras e empresários, discutiam prioridades da pasta e a destinação das verbas públicas.
As exposição de mais uma denúncia de corrupção envolvendo integrantes do governo Bolsonaro deve preocupar também ministros e parlamentares aliados. Entre eles, o ministro-chefa da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL). Ambos teriam sido beneficiários de recursos do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) em suas bases eleitorais, após atuação de lobistas dentro do MEC.