‘Chesf terá um papel central nessa nova corporação Eletrobras’, afirma futuro presidente da companhia

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Com o desafio de gerir a recém-privatizada Eletrobras, Wilson Ferreira Jr. toma posse no cargo de presidente da companhia no dia 20 de setembro. O futuro do setor energético e do país foi o principal tema do encontro promovido pelo Experience Club Nordeste, do qual ele participou ontem no Recife. 

Para o executivo, a privatização terá como principal benefício o aumento na capacidade de investimentos, que devem impactar positivamente na produção de energias renováveis e na modernização das usinas hidrelétricas da companhia, por exemplo.

“Não tenho dúvidas de que a Eletrobras pode ser a maior empresa de energia renovável de todo o mundo. Hoje devemos ser uma das cinco maiores, mas não existe nenhuma empresa que possa crescer como a Eletrobras pode”, sustentou.

Entre os pontos abordados na palestra, mediada pelo jornalista Roberto D’ávila, esteve a questão do preço das tarifas de energia elétrica, que o executivo apontou para possível queda com o desligamento, a curto prazo, das termelétricas. 

Quanto às especulações de que a empresa possa vir a ser reestatizada em um eventual governo Lula, Ferreira Jr disse não acreditar, apontando como motivo o alto custo de fazer tal movimento.

ENTREVISTA

CHESF
A Chesf é uma das maiores empresas do grupo e foi uma das mais prejudicadas no passado com o regime de cortes, em 2012. Também foi a que mais gerou prejuízo com a questão das bandeiras tarifárias. Mas, com esse novo regime de produção independente, terá mais capacidade de investimento para modernizar suas usinas, que são bastante antigas. Ela foi a empresa que mais se modernizou, buscou eficiência com sistemas de informática mais potentes, automação e centro de serviços compartilhados. E terá um papel central nessa nova corporação Eletrobras, principalmente porque está inserida em um mercado que tem o maior potencial eólico e solar brasileiro. O papel da Chesf é fundamental porque terá condições de inovar.

CAPITALIZAÇÃO
A capitalização fez com que essa companhia, que investia cerca de R$ 4 bilhões, passasse a investir de R$ 12 a R$ 15 bi por ano. A beleza da privatização nesse formato é que ela traz isso, é uma empresa que vai ser sempre brasileira. Temos um carinho por essa empresa que é mais antiga que a Petrobras e agora pertence a 500 mil brasileiros. Primeira coisa será fortalecer o Conselho de Administração, trazendo essa necessidade de sermos mais eficientes do que éramos para valorizar as ações desses acionistas. Não tenho dúvida que serei muito cobrado por isso.

FUTURO
Vamos buscar ser uma das maiores do mundo e agora temos uma capacidade que não tínhamos no passado. Faremos isso com cuidado, responsabilidade, boa governança e envolvimento das diretorias e conselho de administração. As oportunidades que existem para uma empresa desse tamanho vão permitir avanços nesse cenário, além de contribuir com o mundo. Somos a empresa que mais está gerando certificados de descarbonização da economia. O papel de potência ambiental brasileiro será reforçado por uma participação efetiva da Eletrobras e da Chesf.

POTENCIAL
O Brasil tem potencial porque temos leilões duas vezes por ano, o que é foco dessa companhia. Ela tem que se aproveitar também dessa posição privilegiada na América Latina e pensar em alternativas, se posicionando com relação às energias do futuro. Serão atividades para serem debatidas entre a diretoria e o Conselho de Administração, tornando a discussão pública para a sociedade e acionistas e, a partir daí, monitorar esse plano estratégico de longo e médio prazos. De 1990 para cá, temos leilões praticamente todos os anos e atraindo investidores do mundo inteiro. Por não participar da bolsa, a Eletrobras tornava menos eficientes os próprios leilões.

RENOVÁVEIS
Não tenho dúvidas de que a Eletrobras pode ser a maior empresa de energia renovável de todo o mundo. Hoje devemos ser uma das cinco maiores, mas não existe nenhuma empresa que possa crescer como a Eletrobras pode. Temos um potencial de desenvolver nessas áreas que são as que mais vão crescer no mundo. 

ECONOMIA
A grande oportunidade do Brasil hoje é na infraestrutura. Temos uma oportunidade de atrair capital, gerar empregos e movimentar a economia. O Brasil vai crescer uns 2,5% neste ano. Temos um movimento de inflação alta no mundo todo, mas devemos sair antes porque as causas da nossa inflação foram diferentes, com contribuição do custo do combustível, como no mundo inteiro, mas não mais agora com a ação que reduziu impostos e já está causando deflação. 

PRIVATIZAÇÕES
Quanto antes a gente fizer, melhor. Bom para a economia, para o país e para os serviços prestados. Neste momento, o Lula tem falado contra as privatizações, mas acho muito difícil viabilizar estatizações. O Alckmin foi coordenador do programa estadual de desestatização de São Paulo, que em grande medida é o que é hoje porque teve eficiência nas privatizações. Todas as empresas estatais foram consideradas estratégicas em algum momento. É difícil justificar a necessidade de uma empresa estatal quando se pode privatizar e utilizar esse recurso para efetivar a obrigação do estado de forma mais eficiente. Isso gera uma competição que traz mais benefícios para o consumidor.

TARIFAS
A questão dos impostos já baixou no Brasil independentemente da Eletrobras. Mas nossa forma de gerar modificação tarifária é colocar novas energias num preço mais barato.Vamos ter essa oportunidade agora com a substituição de usinas termelétricas movidas a carvão, óleo e diesel por gás. O consumidor certamente vai ver os benefícios. Na sequência são asusinas solares, cada vez mais baratas e eficientes.

REESTATIZAÇÃO
A reestatização da Eletrobras geraria um custo inviável. Fizemos uma operação de criar uma corporation com uma proteção chamada pílula de veneno, que precifica as ações em caso de tentativa de controle. No caso da Eletrobras, é de três vezes o valor que foi pago por uma ação. Qualquer que seja o presidente que vencer, ele terá mais satisfação pela capacidade de geração de empregos, investimentos, impostos e dividendos.

Diário de Pernambuco *Danielle Santana

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