Em 10 minutos de silêncio o Plenário da Câmara de Vereadores de Juazeiro ouviu um dos mais coerentes discursos desta legislatura pronunciado pelo Vereador Gleidson Medrado (PSD).
Embalado pela discussão generalizada dos vereadores presentes à sessão sobre o caos na saúde pública de Juazeiro, Gleidson não se deixou levar pelas emoções políticas, não atacou de forma virulenta a administração ou isentou de culpa a Prefeita Suzana Ramos.
Mesmo com a serenidade, que lhe é peculiar, quase escapando para o desabafo emocional, mantendo-se, com dificuldade, na linha de buscar conciliação e entendimento e oferecer contribuição, o discurso de Gleidson foi, no mínimo, demolidor para a prefeita, seu secretariado e para a gestão toda.
“Aqui a gente está confundindo o tempo eleitoral” – advertindo logo no início que o discurso não seria eleitoreiro e foi ao ponto – “mas tem posto de saúde que o dentista não está atendendo porque não tem material, tem vereador aqui chiando porque não está sendo atendida a filha; sentindo a dor na própria pele”
Dirigiu-se ao vereador Gildásio Soares: “Posso dizer a você: a caneta que nomeia, exonera!” e cobrou coerência: “Não posso transferir culpa para a Diretora do Hospital da Criança. Eu não posso transferir culpa para o Secretário de Saúde não. Tenho de botar culpa na Prefeita Suzana!”
“O povo foi para as urnas, colocou 60 mil votos nela. Joseph Bandeira foi para as ruas pedir votos para Suzana, confiando nela. Então, eu não posso pensar diferente!”
Então desfiou, sob o silêncio, respeitoso da oposição e cabisbaixo da situação: “Não dá, Vereador Gildásio, para receber uma ligação de Vossa Excelência pedindo socorro pelas estradas de Maniçoba; não dá para receber a ligação do vereador e líder Nalvinho, dizendo que as estradas do Morrão estão intransitáveis; não dá para receber a ligação do vereador Mitú e ouvir que as estradas da Massaroca estão intransitáveis”.
E registrou, com a indignação quase contida: “Tem 20 meses hoje do governo Suzana. 20 meses!” e completou: “Eu respeito as urnas. Votei em todos os projetos, coloquei emenda, mesmo sem ser reconhecido” e não segurou: “Não dá para a gente estar aqui fazendo de conta!”
“Não para o povo do interior estar passando sede. Nós estamos em 2022!” e dirigiu-se ao governista Vereador Gleidson Azevedo, “amigo e parceiro”: “a gente anda no interior e ele sente, como eu sinto, mas eu posso falar”, criticando o silêncio cúmplice não apenas do Vereador Azevedo, mas dos governistas que silenciam diante das carências e necessidades da população ou dos erros, desacertos e descaso da administração.
Anunciou que “amanhã as máquinas do DNOCs estarão passando nas estradas de Juazeiro, porque esse é o nosso trabalho, porque eu penso é em Juazeiro”
“Não dá para o povo do interior estar chorando por falta d’água. A prefeita perdeu a essência dela. A gente falando de gente, a gente está falando de nosso povo. São 20 meses esperando que as coisas aconteçam!”
“Não dá para terceirizar a culpa!”
Ascom