O presidente Jair Bolsonaro (PL) já afirmou a políticos e a autoridades de Brasília que reagiria a bala caso tentassem prendê-lo.
A fala do presidente da República, dita inclusive a autoridades, assustou seus interlocutores na época.
Em agosto, a coluna publicou que Bolsonaro tinha certeza de que seria alvo de inquéritos que teriam o objetivo de levá-lo à prisão caso perdesse as eleições deste ano. Ele dizia ainda acreditar que seus filhos também poderiam se tornar alvos mais fáceis de investigadores caso deixasse a Presidência da República.
Interlocutores do presidente, inclusive de seu governo, afirmavam na época que ele estava “transtornado” com a possibilidade e afirmava que reagiria à tentativa de prisão, não se deixando capturar com facilidade.
A coluna, na época, ouviu quatro relatos diferentes sobre o pensamento expressado pelo presidente.
Nas conversas, ele dizia que poderia haver “morte” caso tentassem levá-lo preso.
O site “Metrópoles” relatou também naquele mês a mesma reação de Bolsonaro quando o assunto era a possibilidade de ser preso. E disse que ele chegou a afirmar: “Eu atiro para matar, mas ninguém me leva preso. Prefiro morrer”.
Bolsonaro nunca desmentiu as informações publicadas pela Folha e pelo “Metrópoles”.
A coluna voltou a conversar nesta segunda (24) com uma autoridade que ouviu a frase da boca do presidente. Ela voltou a confirmar que, de fato, Bolsonaro dizia isso em agosto, em momentos de maior tensão.
Na época, dois ministros do governo afirmaram à Folha que já tinham ouvido Bolsonaro falar sobre a possibilidade de ser detido em mais de uma ocasião.
O tom, no entanto, não seria de nervosismo, mas, sim, de mera constatação sobre uma suposta perseguição que ele poderia sofrer se perdesse o mandato.
Um dos ministros afirmou que o presidente dizia saber o que aconteceria com ele em caso de derrota. “Você acha que eu não sei?”, teria dito o presidente, de acordo com esse auxiliar, sobre uma possível ordem de prisão.
De acordo com relatos feitos à Folha naquele mês, Bolsonaro demonstrava nervosismo e repetia frases semelhantes à que disse em um discurso no dia 7 de setembro do ano passado, em um ato na avenida Paulista, em São Paulo: “Nunca serei preso”.
Na mesma manifestação, ele disse ainda que poderia sair do Palácio “preso, morto ou com vitória”. A primeira hipótese estaria descartada.
No domingo (23), Bolsonaro atacou o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) por ter resistido a uma ordem de prisão e atirado, inclusive, granadas em agentes da Polícia Federal que foram à sua casa para cumprir uma ordem de prisão.
O presidente afirmou que “o tratamento dispensado a quem atira em policial é o de bandido”.
Na reta final das eleições, Bolsonaro tenta conter o estrago que o ataque do aliado pode trazer à sua campanha.
Mônica Bergamo/Folhapress