História
A localidade de Casa Nova surgiu na primeira metade do século XIX, a partir da descoberta e comercialização de sal em seu território. Algumas publicações mencionam como seu fundador um português senhor Viana, sem revelar mais informações sobre o personagem. Oficialmente o município foi criado por lei provincial de 1879, com área desmembrada do município de Remanso, que por sua vez já pertencera a Pilão Arcado. Seu nome original foi São José do Riacho de Casa Nova.
Entre agosto de 1879 e janeiro de 1890, Teodoro Sampaio, engenheiro baiano da comissão pelos estudos da navegação no interior do Brasil, percorreu o rio São Francisco da foz até Pirapora (MG), voltando em seguida até Cariranha, de onde partiu para explorar a Chapada Diamantina. A partir do que observou nessa viagem, escreveu vários artigos, reunidos em 1906 no livro “O Rio São Francisco e a Chapada Diamantina”. Um dos capítulos do livro recebeu o título de “As Salinas de Casa Nova”. Nele o autor aborda praticamente apenas a extração do sal, então mais importante atividade econômica do município. Alguns anos antes, em 1867, o São Francisco foi percorrido por Richard Burton, naturalista e explorador inglês conhecido pelo empenho que dedicou à descoberta da nascente do rio Nilo (que terminou sendo encontrada por um outro inglês …). Nas proximidades de Santana Burton escreveu “… o São Francisco (aqui) é um grande espetáculo, de imensa amplitude, lustroso como óleo, e refletindo, como um espelho sem aço, o céu e a terra”.
Os acontecimentos mais marcantes na história de Casa Nova são o massacre de Pau de Colher, em 1938, e a mudança, em 1976, da localização da cidade devido à construção da barragem de Sobradinho e a consequente inundação da área original da cidade, com a formação do lago.
O movimento de Pau de Colher, localidade do município, guarda várias semelhanças com o de Canudos, tendo terminado, assim como este, com a intervenção de tropas estaduais e federais e a morte de centenas dos fanáticos participantes.
O lago formado com a barragem de Sobradinho cobriu as cidades originais de Casa Nova, Pilão Arcado, Remanso e Sento Sé. A mudança das cidades e das populações ribeirinhas por causa da barragem inspirou músicas (“Sobradinho”, de Sá e Guarabira), literatura de cordel e trabalhos que circularam no meio acadêmico.
Uma consequência direta da construção da barragem de Sobradinho foi a transformação, pelo decreto lei 1316, de 12 de março de 1974 (últimos dias do governo do General Médici), de Casa Nova, Pilão Arcado Remanso e Sento Sé em municípios de interesse da segurança nacional, categoria em que já se encontravam, por exemplo, aqueles localizados na fronteira do Brasil ou possuidores de instalações estratégicas, como refinarias de petróleo. A partir desse decreto lei, o prefeito dos quatro municípios deixou de ser eleito diretamente, passando a ser indicado pelo governador da Bahia, tendo este antes o cuidado de submeter o nome de seu escolhido ao Presidente da República, por meio do Ministro da Justiça. Se o nome fosse rejeitado, o governador teria dez dias para escolher um outro. Somente em 1985 Casa Nova voltou a eleger diretamente seu prefeito.
Geografia
Casa Nova se situa às margens do rio São Francisco. Mais precisamente, fica no Médio São Francisco, já que é comum dividir o rio geograficamente em Alto São Francisco (da nascente até a cidade de Pirapora), Médio São Francisco (de Pirapora até a cachoeira de Paulo Afonso) e Baixo São Francisco (da cachoeira de Paulo Afonso à foz, entre Sergipe e Alagoas). A área total do município é de 9.657,51 km², o que o torna um dos maiores em território na Bahia. Para fins de comparação, Luxemburgo, país europeu com um alto PNB (Produto Nacional Bruto) per capita no mundo, tem 2.586 km². Ao longo de sua história, houve mais de uma tentativa de emancipar de Casa Nova seu distrito mais desenvolvido, Santana do Sobrado, o que terminou não ocorrendo até hoje.
Economia
Mais de 1 milhão de garrafas de vinho são produzidas anualmente em Casa Nova. Não é pouco, considerando que se trata de indústria relativamente recente no município. O Rio Grande do Sul, maior produtor do país, concentra aproximadamente 85% da produção vinícola brasileira e já tem marcas de valor reconhecido nacionalmente. No município é normal serem colhidas duas safras de uva por ano. Para a produção de vinho, porém, quantidade importa menos que qualidade. Produzir bons vinhos a um preço competitivo é um desafio para o Brasil em geral e para a região do Baixo Médio São Francisco em particular. Trata-se de mercado com enorme potencial de crescimento, pois o consumo per capita anual da bebida no Brasil é de modestos 1,61 litros/ano por habitante (dados de 2009 – www.wineinstitute.org). Na França esse valor é de 45,23 litros/ano e na Austrália, país de clima mais próximo ao nosso, de 23,19 litros/ano. Para constar, o consumo médio de cerveja no Brasil é de 57 litros/ano por habitante (dados de 2009 – Sindicerv – Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja).
Casa Nova tem o maior rebanho de caprinos da Bahia, com 403.410 cabeças (dados da pesquisa Produção Pecuária Municipal, realizada pelo IBGE em 2005). A Bahia, por sua vez, tem o maior rebanho de caprinos do Brasil. São números importantes, mas que, sozinhos, pouco dizem. A caprinocultura, tradicionalmente associada à subsistência no Brasil, só recentemente passou a receber, na região de Casa Nova, um maior cuidado em relação à melhoria da qualidade do rebanho. Essas medidas, aliadas ao beneficiamento local da carne e o leite de cabra, podem, a médio prazo, multiplicar o potencial econômico da criação de caprinos no município.
Turismo
O turismo de Casa Nova está estritamente ligado ao Rio São Francisco, constituído principalmente de praias de água doce como as Dunas do Velho Chico e a Ilha dos Moisés. A vinicultura é, também, um atrativo turístico no município.
Fonte: site PMCN