“O Brasil configura-se como um provedor global de energia com um D de Democracia”, afirma André Clark.

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O presidente Siemens Energy participou do encontro do Comitê de Líderes da MEI, realizado nesta sexta (25), no SENAI Cimatec, em Salvador.

Na reunião de líderes da MEI, você disse que há muitas razões para se estar otimista com o Brasil, e citou a importância de estarmos num regime democrático…

André Clark – O fato é que o mundo energético a transição energética tem, hoje, muito a ver com Democracia. Autocracias representam um risco. E o Brasil configura-se como um provedor global de energia com um D de Democracia, isso é muito importante. Este é um componente que o mundo está atrás. A energia tem atributos: ela tem que ser verde, descarbonizada e, agora, ela tem que ser democrática, porque observa leis. O Brasil é parte do mundo baseado em regras, isso configura uma oportunidade singular para o país. O Brasil retorna às suas relações internacionais pela porta da frente, talvez a única boa notícia da COP27, o Brasil retornando ao palco global. Além de tudo isso, o Brasil, em termos de energia verde, é quem tem a maior competitividade global, é o produtor de menor custo marginal do mundo. Temos a oportunidade de reindustrializar com aplicação da energia verde, produzindo plástico, aço, vidro verdes, gerando capacidade não só para si próprio, podendo ser um abastecedor desses equipamentos para o mundo, num momento em que parte substancial desses produtos vêm da China, e o mundo não tolera mais isso, porque também é uma autocracia. Esta uma ideia importante que deve estar presente nas políticas públicas daqui para frente, uma política industrial verde do século 21, que tem três características: ela é verde, tecnológica e para o mundo.

 Muito se fala deste potencial, mas também das dificuldades, dos desafios para a transição para uma economia verde. No caso do Hidrogênio Verde, tem a questão do transporte e do armazenamento…

 AC – É justamente essa a oportunidade. O H2V é quase impossível de transportar, então você tem que transformar ele em produtos transportáveis, aí está a vantagem.  Vão fazer o combustível de aviação verde, o Sustainable Aviation Fuel  (SAF), a amônia verde, o aço verde, agregando a valor . Pelo menos nos próximos 10 anos continuará muito difícil de transportar o H2V,  isso é um fator indutor da nossa própria indústria, mas temos que construir capacidade aqui para produzir isso tudo.  Todo produto industrial com mais informação vale mais do que com menos informação, essa informação do verde democrático é importante, né? O mundo quer Direitos Humanos, a garantia de que o produto é feito é respeitosa, e o Brasil é um campeão nisso.

Uma das questões levantadas na reunião de líderes da MEI é a baixa participação do mercado de capitais no ecossistema de inovação. Como você vê esta questão?

Eu acho que é possível aumentar a participação e está acontecendo. O  que a gente viu nos últimos anos, com a taxa de juros relativamente mais baixa, quando você pega a taxa real de juros e tira a inflação, o Brasil estava com taxa real de juros de 2% ou, em alguns momentos, negativa. O que aconteceu foi uma vasta participação do mercado de capitais. O mercado de capitais das venture capital brasileiras cresceu, todas as empresas grandes aqui participantes (participantes da MEI) criaram seus fundos de venture capital corporativos. Sim, a sofisticação dos mercados de dívida está aí: debentures de infraestrutura, as LCI, as LCA. Tendo a dizer que, nos últimos 10 anos, a trajetória do mercado de capitais na participação do mundo da inovação aumentou. O que precisa é a taxa de juros baixa ocorrer, por isso que Democracia, cuidado social mais cuidado fiscal é fundamental para manter a taxa de juros baixa.

Foto: Gilberto Jr./Coperphoto/Sistema Fieb
Federação das Indústrias do Estado da Bahia – Sistema FIEB
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