Os motoristas que foram atingidos por um caminhão que causou pelo menos 18 acidentes entre Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e Curitiba, afirmaram que não sabem como irão arcar com os prejuízos causados nos veículos.
Pela legislação civil, o motorista responsável pelos acidentes, Nilson Pedro dos Santos, 35 anos, e as empresas envolvidas no caso, podem responder solidariamente, conforme avaliação do professor de Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carlos Eduardo Pianovski.
As batidas aconteceram no último sábado (14), de maneira sequencial – foram 6 acidentes na BR-277 e 12 batidas em Curitiba, em vários pontos da cidade.
O veículo entrou na capital depois de percorrer, em alta velocidade, um trajeto de 140 quilômetros. Ele não foi parado pela polícia. Três pessoas ficaram feridas, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Especialista orienta
O professor Pianovski explica que, no caso do acidente sequencial, a responsabilidade é solidária, ou seja: o motorista do caminhão, a empresa dona do veículo e a transportadora contratada para o serviço podem responder pela situação.
Na prática, isso significa que caso as vítimas desejem abrir uma ação judicial, poderão escolher contra quem mover o processo.
“Pode propor contra os três, pode propor contra dois, contra um. Será uma escolha assegurada pela Lei Civil. Como a responsabilidade é definida como solidária, é possível cobrar tudo contra qualquer um deles”, afirma o advogado.
Pianovski orienta, entretanto, que antes de um processo judicial, as vítimas tentem acordos extrajudiciais, ou seja, sem intermédio direto da Justiça.
Caso não haja o acordo, a orientação é que a vítima busque a Justiça. Segundo o advogado, em ações de até 40 salários mínimos, por exemplo, as vítimas também podem procurar o Juizado Especial, que possui trâmite mais rápido.
Pianovski reforça que em processos judiciais, sentenças podem demorar a sair.
Caminhão cruza Curitiba batendo sequencialmente em vários veículos
O que dizem as vítimas com carros atingidos
Em entrevista à RPC, um dos motoristas atingido pelo caminhão afirmou que comprou o carro com muito esforço e não tem dinheiro para adquirir outro veículo.
“Hoje o latoeiro vai dar uma olhada para ver se tem situação de consertar ele. Espero que a transportadora e o dono do caminhão assumam essa responsabilidade para todos”, afirmou Hamilton Moreira.
Sandra Regina de Oliveira, outra envolvida no acidente, conta que o veículo atingido é o único da família e não tinha seguro. De acordo com ela, após serem atingidos pelo caminhão, o carro chegou a capotar.
“O mecânico que veio dar uma olhada falou que não tem salvação. O carro deu quase perda total, porque ele tá bem danificado. E a gente usa o carro para trabalhar. Então ficou bem difícil”, disse.
Canal de ajuda
A Rododrive Transportes, empresa proprietária da carga de cervejas que caiu na rodovia no trajeto de Nilson para Curitiba, informou em nota que está disponibilizando um endereço de e-mail e um telefone como canal de atendimento para os atingidos pelo acidente.
Além disso, afirmou também que esperam “contribuir para uma solução rápida, adequada e eficiente de modo a superar a situação ocorrida”.
A RRLog, empresa que contratou o motorista, lamentou o ocorrido e orienta as vítimas a entrar em contato diretamente com a corretora de seguro do veículo pelo telefone (44) 99124-5953.
Além disso a empresa afirmou também que em casos de dúvidas as vítimas devem entrar em contato com o departamento jurídico da empresa pelo telefone (44) 4141-4420.
O advogado do motorista disse que não irá se pronunciar.
Motorista está preso preventivamente
A Justiça converteu a prisão em flagrante de Nilson Pedro dos Santos em prisão preventiva.
A conversão da prisão aconteceu na segunda-feira (16), após a audiência de custódia de Nilson. O pedido foi apresentado pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR).
Com isso, o motorista deve ficar detido pelo menos até a conclusão de inquérito policial, ou até nova decisão judicial.
À polícia, o motorista admitiu que ingeriu droga e bebeu antes de dirigir. Ele também pediu perdão às famílias vítimas dos acidentes.
Mais cedo, também nesta segunda, o advogado de defesa de Nilson, Niki Petterson, afirmou que o homem usou drogas para conseguir terminar viagem pois estava acordado há muitas horas. Frisou, ainda, que ele não teve intenção de machucar ninguém.
Série de acidente
Os acidentes começaram no início da manhã de sábado (14). Segundo as investigações, o motorista saiu de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, e dirigiu até Curitiba em situações de risco. O caminhão estava carregado de engradados vazios de cerveja, que caíram na rodovia antes dele chegar na capital.
Testemunhas ouvidas pela RPC disseram ter avisado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) que um caminhão estava fazendo “zigue-zague” na rodovia, porém, a polícia não conseguiu parar o caminhão.
Nesta segunda (16), a PRF disse que duas viaturas tentaram localizar o caminhoneiro na estrada, mas não conseguiram.
Na BR-277, segundo a PRF, o caminhão bateu contra seis veículos. Em Curitiba, foram pelo menos 12 carros atingidos pelo caminhão.
Depois de cruzar a capital causando batidas, o caminhão parou na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), após apresentar falha mecânica.
Em depoimento para a polícia, Nilson foi questionado pela delegada Vanessa Alice sobre o motivo de não ter parado após as batidas. Ele respondeu que sentiu as colisões, mas não viu os carros por causa da altura da cabine.
G1/Foto: RPC Curitiba
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