De acordo com o jornal Estadão, interlocutores de Lula (PT) dizem que o presidente não aceitará o pedido triplo do deputado federal baiano Elmar Nascimento (UB). Já a Codevasf poderá ser cedida. A partilha de cargos de segundo escalão mobilizou o quarto andar do Palácio do Planalto nos últimos dias, segundo a publicação, que acrescenta que há cobiça de cargos por partidos menores que negociam com o governo Lula, como o Podemos.
Esses órgãos têm orçamento bilionário, costumam sofrer influência política direta de parlamentares, que indicam diretores e superintendentes nos Estados. Alguns deles viraram focos de denúncias de corrupção nos últimos governos, como a Codevasf, com verbas do orçamento secreto, o FNDE, e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
A ordem no Planalto, de acordo com o Estadão, é segurar nomeações até as eleições para as presidências da Câmara e do Senado, marcadas para 1.º de fevereiro. O governo quer começar a destravar os pedidos depois, de acordo com o comportamento dos partidos nas votações.
O jornal ainda revela que o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, conversou na semana passada com Elmar. O deputado teria ficado contrariado por ter sido vetado pelo PT da Bahia para um ministério e manifestou sua frustração a Padilha. O ministro, então, indicou que considera “razoável” a reivindicação pela chefia da autarquia.
O apoio do União Brasil ainda é considerado instável. O partido é visto como uma “federação” com muitos políticos influentes. Eles divulgaram um manifesto, na semana passada, em que defendem o “empoderamento” do Congresso, em vez de postura “subserviente” ao Planalto. A articulação política lulista vai ceder para ter ao menos a maioria da bancada, mas sabe que não conseguirá todo o partido na Câmara, tampouco no Senado. Além do comando da Codevasf, há pedidos por cargos no segundo escalão dos ministérios das Comunicações e da Integração e Desenvolvimento Regional, destinados à legenda.
Diante da ofensiva por mais cargos, segundo a publicação, uma reunião causou apreensão no governo. Integrantes da bancada petista sugeriram a Padilha uma operação para contornar e isolar Elmar e neutralizar seu poder. A ideia consistia em tentar atrair com benesses os deputados mais influenciados por ele na bancada do União Brasil, que tem 59 integrantes. É a terceira maior da Câmara. Assim, poderiam obter os votos individualmente, sem tratar com o líder do União Brasil.
A operação foi vista como arriscada pela articulação política do Planalto. Houve quem lembrasse que a então presidente Dilma Rousseff (PT) cometeu esse “erro”, na tentativa de sobreviver no governo. O Estadão ainda afirma que quem conhece os meandros da Câmara alerta que Elmar conhece bem os bastidores da partilha de recursos do orçamento secreto pelos parlamentares.
A bancada paulista do PT já teria indicado Jamil Yatim para chefiar a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), outra empresa que é alvo de cobiça dos aliados, segundo o jornal. Yatim é ligado ao PT de Jundiaí e já ocupou o cargo de diretor financeiro da Ceagesp no governo Dilma.
O Estadão ainda revela que deputados do União Brasil querem emplacar um nome na Secretaria Executiva do Ministério do Turismo. Avaliam que, caso a ministra Daniela Carneiro seja demitida, poderiam fazer o substituto na pasta. Após ter o nome anunciado como ministra, Daniela foi acusada de ter ligações com a milícia do Rio.
O acordo do PT para apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL), líder do Centrão, como presidente da Câmara prevê a distribuição de postos de comando na Casa, segundo relato da publicação. O PT quer comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais poderosa da Câmara, reivindicada também pelo PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O acerto beneficiaria, ainda, o Republicanos. O deputado Marcos Pereira (SP) voltaria a ser o vice-presidente da Câmara. Já o ex-líder da bancada Jonathan de Jesus (Republicanos-RR) seria indicado ao Tribunal de Contas da União (TCU). O problema é que o PL também quer ocupar a vice-presidência da Câmara.
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