O interventor federal na Segurança Pública do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, disse que não há chance de novos ataques golpistas durante a volta dos trabalhos no Congresso e a eleição para a presidência da Câmara e do Senado, na quarta-feira (1º).
“Nós preparamos um plano de segurança reforçado com todo cuidado. Não há até o momento informações indicando distúrbios ou tentativas [de novos ataques golpistas], mas, por precaução, nós vamos manter um plano”, disse o interventor em entrevista ao podcast Café da Manhã, da Folha.
Cappelli destacou que conclusões importantes sobre ataques golpistas foram apresentadas no relatório divulgado na semana passada. Para ele, o acampamento no quartel-general do Exército é uma peça central para a compreensão dos fatos.
“[O quartel] é uma peça central para compreender aquela tentativa de bomba no caminhão de gasolina perto do aeroporto. Ele é peça central para compreender os distúrbios que aconteceram no dia 12 de dezembro na diplomação do presidente Lula, é peça central para compreender a tentativa de invasão do aeroporto.”
“Então tudo passou pelo acampamento, o acampamento se transformou em uma incubadora de planos golpistas, de planos contra a democracia brasileira”, disse.
O interventor afirmou em relatório sobre os atos de 8 de janeiro que a Polícia Militar do DF não elaborou um plano operacional para conter os golpistas que atacaram as sedes dos três Poderes. O responsável por fazer o planejamento, o coronel Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF, estava de férias.
“Não houve a elaboração prévia de Planejamento Operacional nem Ordem de Serviço emitido pelo Departamento Operacional da PM-DF em relação aos fatos do dia 08/01/2023”, diz o relatório.
Cappelli voltou a dizer durante a entrevista que houve problemas de comando e falhas operacionais que resultaram na depredação do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF (Supremo Tribunal Federal).
A intervenção federal no Distrito Federal termina nesta terça-feira (31). Com isso, Cappelli volta para o cargo de secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Foi uma experiência muito rica [de interventor], vai me ajudar muito, sem sombra de dúvida, a auxiliar o ministro Flávio Dino a conduzir a política de Segurança Pública no país”, afirmou.
Com o fim da intervenção federal, o delegado da Polícia Federal Sandro Avelar será o novo secretário da Segurança Pública do Distrito Federal.
Avelar já ocupou o cargo durante o governo de Agnelo Queiroz (PT), entre 2011 e 2014. Ele deixou o posto no fim da gestão petista no DF para concorrer a deputado federal pelo MDB, mas não se elegeu.
Em 2021, Avelar foi nomeado diretor-executivo da Polícia Federal, o segundo cargo na hierarquia da corporação.
Avelar assume o posto deixado por Anderson Torres, e exonerado por Ibaneis Rocha (MDB) ainda no dia 8, quando ocorreram os ataques golpistas e horas antes de o emedebista ser afastado do governo do Distrito Federal por ordem do STF.
Raquel Lopes/Folhapress
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